segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Até A Próxima

Ao fim de tudo, o todo não é explicado apenas pelas partes que o envolvem. Existe uma complexidade indivisível, onde nem mesmo os envolvidos conseguem entender o que os leva até ali. O livre arbítrio é um primeira passo, entretanto, não sei se justifica o todo.

A vontade escancarada e o prazer inegável fazem disto tudo algo sem arrependimento. Passível a momentos únicos e bem resolvidos.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

In & Out

Já os sinto agudos.
Pontudos, cansados, fatigados.


Já o amor que tinha em mim, não existe mais.
Velho, descrente, imutável.


Rostos. Sempre os mesmo rostos.
Klezmer na sala comunal.


 - Nasdrovia!


A incontrolável vontade de esvair. 
Não vislumbrar você.


Velhas coisas de antigamente.


De um gole bebo toda sua leviandade.
Um trago para uma nova vida.


E todos ainda no mesmo antigo e velho lugar.
Mas, ao soltar a fumaça e após limpar os lábios de vinho...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Síntese Do Sóbrio Adeus

"Compreenda que o veneno que mora em minhas glândulas, transformando minha língua em víbora cruel é o simples motivo pelo o qual tento evitar lhe olhar, neste estado mal tratado, em trapos, por teimosia e orgulho de quem precisa errar, mas que ao menos a luz que lhe caí neste momento, sirva para indicar e não ofuscar cada vez mais."

"Não acredito que esteja errado ou sequer esteja em trapos, pois como um bezerro desgarrado, eu saí, assumo, contudo volto não com cicatrizes procurando ajuda, abrigo, com o rabo torcido e enfiando entre minhas patas, ao contrário, minha crista se eleva como um galo macho, assumindo nome de Michalick, viro pavão rei ao atravessar a soleira em sua direção, apenas para mostrar que as marcas que hoje me completam não são cicatrizes dolorosas, e sim espólio de guerra"


"Heresias de quem está entorpecido, só podendo estar com o demônio no corpo, um espírito obsessor; ou sobre influência deste cânhamo que consume achando que vai acreditar no caminho encontrado em meio ao caos dos sentidos perdidos."


"Compreenda agora você, querido e estimado ente, não estou perdido em minha sinestesia aparente, o que vai sempre nos separar é que nunca vais conseguir observar, quiça experimentar, o estado de elevação que a sobriedade nunca irá lhe dar, aparando arestar grossas demais, podando a experiência, é necessário se enebriar de aromas, cheiros, gostos, sons, que lhe tirem da sobriedade pois ela limita"


(...)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Verde, amarelo e vermelho.

Verde esperança, siga, continue, pode ir, "vai, atravessa", segura na minha mão, olhe para os dois lados, fique na faixa, não desvie, atenção, cuidado!

No meio dos carros, retrovisores, olhos cansados, pouca paciência, surgem os malabares de fogo, os rodopios uruguaios, o capitalismo alheio, e a bela coisa que põe fé no mundo, mesmo nos momentos de mais escuridão e solidão.

"Eu faço isso pela Arte"


O amarelo dinheiro, riqueza, ódio, ganância, fim de tudo, começo de problemas, se altera, muda de cor, faz do básico pigmento, um passeio matemático de 180 graus, para que no fim desta metamorfose ele se torne amor, paixão, cumplicidade, parceria, um doar sem interesse, por puro sentimento, por pura verdade, por pura vida vermelha.

O último, por cima de todos.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Boas Festas À Você!

Na comemoração do nascer,
Vejo o pré Natal,
planos para uma vida que vai morrer.

Uma neve que nunca vi,
Uma rena existe?
Na depressão das músicas natalinas,
Saudades de tempos e pessoas que já se foram.

Tempo de festa,
Uma vez por ano educado,
Uma vez gentil,
Uma vez atento aos outros.

Boas festas à você.

O dinheiro faz Noel rir,
O décimo terceiro mês vira lembrança,
Peru, árvore nova, bolas, estrela,

Vamos à cidra!

No colo do bom velhinho
Choram os pedidos nos ouvidos dos pais tristes.
Das esperanças não atendidas no polo norte.

Uma vez por ano, dá pinheiro na Amazônia.

Ao menos uma vez por ano.

Gentil, educados, atentos,
ainda bem, uma vez por ano,
Todos viram bons meninos.

Boas festas à você.

Ao menos uma vez por ano o coração fala,
Ah se o Natal fossem duas.

Uma luz de bondade semestral.

Ao menos uma vez...

Uma única vez, mas que seja de verdade.

Boas festas à você.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Dia De Sorvete

Eu estou escrevendo para você. Você que sempre visita meus textos, ou acredito nisso estando completamente errado, podendo assim cair esta mensagem em um vácuo sem retorno; o que irei dizer, mesmo sem dizer que é para você, pois afinal de contas, se você me conhece um pouco saberá o quanto é difícil para mim falar estas coisas, mas ainda pior que falar, é o tempo que demoro para ter uma atitude destas, onde os danos e as tentativas já se fazem visivelmente em vão para uma ferida que talvez não sare mais apenas com palavras, todavia, o que me remete a atitudes que talvez não funcionem mais, é que desde aquele fatídico dia, penso mais em você do que sequer pensei um dia, talvez agora eu realmente tenha percebido que você não está mais aqui, e por mais que em outros carnavais, a distância ainda prevalecesse, eu sei que seus olhos, mãos, boca e ouvidos estavam por perto, mesmo que para ouvir besteiras ditas por mim em momentos de embriaguez social, onde você deixava eu falar mesmo estando errado, mesmo sabendo que eu precisava não apenas falar besteiras, mas também acreditar que eu estava certo, eu de certo modo ainda acredito em muitas das besteiras que eu disse, sobre outras, revi meus pensamentos e realizei que não era bem assim, infelizmente ainda acredito que no ponto crucial vamos discordar sempre, será isso algum sinal? ou apenas um ponto de desavença que precisa ser entendido? não sei, realmente não sei, eu já não sei se um dia voltaremos, se um dia aquelas risadas voltarão, se as loucuras darão certo.

Eu sinto falta de você. Não sei se me precipitei, se botei o carro na frente dos bois, mas aconteceu no momento em que achei que o mundo conspirava a meu favor, não voltaria atrás do começo, do primeiro beijo, dos primeiros medos, dos primeiros dedos em riste; não soube lidar com esta separação, longe, sem noticias, por minha escolha, admito, não uma escolha por mal, apenas me acomodei com a geografia que afastava os corações, que desde então se falaram, ficaram, deixaram, ficaram juntos, deixaram novamente; o ponto exato em que tudo isso começou não sei se foi no primeiro beijo, ou na primeira solidão, porém nunca foi por mal.

Eu amo você. Não sei se acreditas, se acha que é mais um de tantos relatos de mudança ou o que for, também pela primeira vez não estou aqui esperando conquistar uma resposta sua, só espero que saiba que isso é para você, e você pode até não acreditar que é, não quero comover lágrimas, soluções, perdão, nada do tipo, só quero dizer que por mais que hajam diferenças de sentimentos, de vida, de experiências, o meu amor por você não mudou, ainda é o mesmo do primeiro beijo, mas algo mudou entre nós, pode ser um fato, ou uma desculpa paliativa, só sei que eu amo você, e você é muito importante; não decidi escrever agora, venho nos meses desde nosso último momento pensando sobre como dizer isso, e acredito que você vai entender quando te digo obrigado por tudo, tenho em você uma pessoa valiosa, sem ter o valor necessário dado por mim, só não queria deixar o tempo cobrir a poeira com o sentimento de "tudo bem".

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

02 Set. 1999

Quando te conheci soubesse que haveríamos de viver juntos, não pensei jamais na distância que hoje vive com nosso amor. Como uma casal que foge para viver um grande romance, desta união entre distância e amor, nasce a solidão, razão de quem ama. Mas te digo agora. Não desistiria de tudo, por mais que hoje não exista mais, este amor é fruto de puros sentimentos.


Correr atrás é algo que não posso mais fazer, pois a distância não separou nossos corpos e sim o coração, e o meu desgastou-se de modo irreparável a esta distância.


Escrevo-ti pois quero te dizer que por mais que meus dias não sejam mais dedicados à pensamentos em você, é impossível ver o cinzeiro cheio sem te ver; assistir Chaplin sem lembrar de sua risada; comer bolo de laranja sem  imaginar seu sorriso bobo.


Um dia se tiver coragem entrego esta carta, pois hoje, eu vou embora, vou partir por amor, pois se não me destrói, ainda me machuca te amar. Em breve nos veremos e viveremos juntos novamente.


F.C.Diniz


 - Diários de Fernando Campos Diniz

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Ânsia

Se não fosse triste, o poeta seria poeta?
Se o poeta estivesse com o amor da sua vida ele seria poeta?
Ou aquele que tem seu amor é advogado, médico ou engenheiro?

Seria poeta ele, se não tivesse dor no coração?
Poeta gosta da rima: amor e dor.
Poesia é feita com decepção ou ambição.

Amor concreto vira relato.
Faz da vida, o amor, uma crônica.
Faz poesia é a lágrima.

Menina do Rio, vou nadar até você.
Porque não você antes de tudo.
No primeiro olhar poderia ter sido.
Mas agora eu vou nadar, menina do Rio.

Porque poesia é feito com ambição.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Duas Perguntas

Por entre suas pernas eu andei,
Corri meus dedos no seu corpo.
Fortemente respirei no seu pescoço,
Mordendo e desejando sua carne.

Abracei-ti por trás, invadindo teu ventre,
Puxando teu cabelo, te chamando de puta.
Deslizava em você  um caminho único,
Da boca ao sexo; das coxas aos seios.

Te jogo no chão e abro as portas,
Sinto logo o cheiro do gozo.
Percebo o quão molhada estás,
Seguro você, provoco arrepios.

Entro de uma só vez...

- Eu te amo! Com você eu faço Amor!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Vamos Sambar?

No amor e na guerra vale tudo. Inclusive poesia.

Nas lágrimas por amor. Na dor do peito já vazio.

Sem vergonha de amar. Muito menos em sofrer por amor.

Amo levantar cada vez que caio.

Mesmo de joelhos arranhados, o coração bate calado.

Lá vou. Lá vou eu.

E LÁ VAMOS NÓS.

O primeiro passo.

O segundo. Terceiro...

Caminhando e cantando.

O requiem do amor infinito que se abre para o mundo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

(A)M(O)A(R)

Não quero saber do barco,
Se afundou, a onda bateu, o capitão se jogou.

Não jogue meus pensamentos no mar,
Deixe-me sentado seguro no cais.

Se a banda parou,
Ou o deck inundou.

Não me tire de terra firme,
Deixe-me sentado perto do cais.

O farol apagou,
O amor encalhou.

No cais em que me sento,
Tudo se vai com o vento.

domingo, 18 de outubro de 2009

Amar A Vida

A jornada se tornou longa demais.
Os passos se perderam.
As mãos tateiam cegas.
O amor agora está asmático.

Os joelhos reumáticos.
Os beijos secos.
As lágrimas solitárias.
O peito em depressão.

Os pés com calos.
Pernas com cãibra.
Os ouvidos surdos.
Os braços de chumbo.

Cansei do amor.
Não do frio da barriga.
Não das borboletas.
Ainda amo a Lua.

O pôr do Sol.

Cansei do amor.
Da dor sofrida de amar.
Deste amor.
Deste esperar.

Dos inúmeros começos.
Mil primeiras vezes.
Só quis viver.
Fazer e receber o bem.

Beijar, abraçar, laçar dedos.

Música, poema, poesia.
Cidade, praia, distância.
Mensagens, amor, alegria.
Paixão, viver, amor e dor.

Cansei de amar.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Vinte Dizer

Se fossem letras o amor,
O nosso seria o éle.
Mas sendo o que for,
Desejo seus beijos, sua pele.

Se de cordas fosse a paixão,
Seriam infinitas a do violino.
E conhecendo o meu coração,
Vou tentar até mais infinito.

Nas partituras da Lua afora,
Tenho cheio o sorriso minguante,
Do meu choro e soluço crescente.

Já compus a canção do agora.
Como um velho folião brincante,
Dormindo na rua indigente.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Diz-me

Só queria escutar de você,
Quando os lábios que beijam,
Que não mais os tenham,
Dizem adeus sem ter porque.

Deixe-me sofrer de um todo,
Não dê fio a minha meada.
Aceito até não te ter, Amada,
Mas porque te amo, não serei tolo.

Não me deixe morrer de amor no talvez.
Não quero lhe propor uma obrigação,
Só quero, então, viver a vida.

Antes do real dia da minha ida,
Vou sucumbir com orgulho à paixão.
Vamos ao beijo como da primeira vez.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

C'est La Vie

Se eu pudesse te veria todo dia,
Se desse, sempre te teria.
Já entendi a mensagem,
Já não vou mais viver de paisagem.

Como um lindo cenário encantado:
Imóvel, belo, apático, estático.
O Lua castiga meu peito,
O Sol ri "bem feito".

O cenário muda de lugar,
Já não sabe se quer amar.
Este suco que faz meu amor.

A polpa é pura luxúria,
Das sementes restam lamúrias.
Esprema meu peito com ardor.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Depende

Dependo não como um viciado,
Mas depende da droga.
Dependurado fico a te olhar,
Depenando as flores do bem me quer.

Mesmo com meu sorriso abobado,
Eu escolho peito afora.
Mal me quer não vou aguentar,
Pois eu já te escolhi, Mulher.

Depende de como vou viver.
Dependo do que então fazer.
Sento-me aos antigos bastidores.

Não tenho eu, como escolher.
Volto então a depenar as flores.
Mau me quer...bem me quer.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Flor Lunar

A consciência grita no peito. 

O amor ali parece tão flores,
Mesmo com o velho rosto.
Apesar destas infinitas dores,
As noites são já belas.

Lua, alumia este moço,
Dê vida dele ao ardor.
Passos na estrada amarela,
Esqueçam amor e dor.

Reverbera na cabeça.

Esta carta que se basta,
Na ínfima caixa do céu.
Minha a de ser esta casta,
Que nunca amada foi.

Antes de ir ao beleléu,
Amor, dedos, dados joelhos.
Nunca esqueci do primeiro oi,
Dos esmaltes vermelhos.

Ditos sentimentos meus.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Vamos?

Não há necessidade de se preocupar se isto ou aquilo irá durar, se quando acabar como será. O que importa é saber se o que foi feito e vivido até o fim valeu a pena.

E quando não acaba? Quando você traí suas próprias palavras? Ninguém disse adeus; você prometeu não ir, porque o virar de costas e o caminhar solitário?

Melhor se conformar com uma tristeza imediata ou tentar ser feliz com inúmeras variáveis?

Porque ser intenso é um problema? A demonstração de sentimentos por si é uma prova de que ainda existem pessoas que amam de verdade. Amar demais não é problema. De menos talvez.

Não se brinca com adeus.

A vida é longa o suficiente para se apaixonar inúmeras vezes e ter vários amores. Mas nós só queremos um.

Como pode você ser step de um velho sentimento bandido?

A comodidade é muito boa quando o colchão king size é seu.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Esperança

Cansado como quem ressona uma noite inteira. Acordo e durmo tantas vezes, nesta seqüência, que já nem sei qual prefiro. Ainda ali sentando e nada do convidado chegar. Estou cansado, corpo dolorido, Queria fazer esta entrevista e ir embora. Naquela sala, a visão da poltrona vazia em minha frente cansava-me, o tapete sob meus pés já gasto de tanto esfrega-lo. Na mesinha redonda, meus dedos tamborilavam as horas vazias. O cinzeiro já cheio me dizia que era hora de ir embora. De um lado para o outro e vice versa. O som dos meus passos já me deixavam surdo. Vou embora.

Papéis, caneta, cigarro, gravador, pego todos meus pertences e vou embora. Ao passo que me faria cruzar a soleira da porta, eis que meu corpo se choca com outro. Menor, entretanto em muita velocidade, como se estivesse correndo. Eu nem vi o que aconteceu, agora que vejo uma mulher, já não era mais menina. Simples, sem muitos adereços, cabelo preso, rosto limpo, mas viva. Era o que queria ser. Exalava vida. Pedia-me desculpas enquanto olhava no fundo dos meus olhos, falava que estava ali para uma entrevista, mas tinha se atrasado, ainda não tinha conseguido achar o caminho. Agora estava pronta. Apresento-me sem tirar os olhos dos dela. Entramos novamente na sala, sento onde havia passados as últimas horas. O cinzeiro vazio. Um novo ciclo começa.

A entrevista flui. Ela fala e te seduz, tudo parece real com ela falando, planos e sonhos, ali, em minha frente. Não consigo tirar os olhos dos dela. Castanhos. Brilhantes. Sei porque são o espelho da alma. Límpidos, sinceros, acredito em suas palavras, chego a duvidar das minhas idéias e concepções.

O cinzeiro enche-se novamente. O fim da entrevista coincidi ou não. Agradeço, foi realmente uma entrevista prazerosa. Estendo a mão para agradecer-lhe a disponibilidade e a atenção que me deu. Ela não pega em minha mão. Vem e me abraça. A diferença de altura não era tanta. Estaturas medianas. Eu no começo fico sem reação, mas aos poucos, como alguém verificando se a tomada não dá choque, vou devolvendo o abraço. É impossível mentir um abraço. Um beijo, um carinho qualquer, mas ninguém engana o outro com um abraço. Este era real. Ela, agora de ponta de pés, puxa minha cabeça para o lado, para falar algo no meu ouvido. Abaixo e viro para escutar melhor:

- Não deixe de acreditar. Não perca nunca. O plano vai dar certo.

Se despede com um beijo no rosto. Sorri, olha para mim e caminha em direção a porta. Fico em pé. Olhando o seco fechar da sala.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Agora Amor

Atordoado como se tivesse acordado a pouco. Olhos ainda desfocados. Boca seca.  Braço dormente. Esfrego as costas da mão nos olhos, começo a entender que ainda  estou no mesmo lugar. A poltrona ali vazia. Ainda espero. Olho a sala oval,  olho o tapete no centro e apenas estas duas cadeiras, e uma mesa de apoio. Nesta nada mais que uma caixa de lenços de papel. Daqueles dificeis de puxar.  Que você puxa um, vem vários e acaba por estragar demais.

Estou tranquilo. Esperando o entrevistado. Não o conheço. Mulher. Homem. Não faço a mínima idéia. Aguardo fumando alguns cigarros. Pernas cruzadas, cinzas no chão, algumas no sapato. Não ligo. Quero entrevistar e ir embora. O dia está cheio.

Eu estou parado, com os pensamentos longes. Escuto uma voz. Aquela voz. Aquela risada. Não creio. Não pode ser. Porque? Não. Não.

Subitamente meu peito esfria, aquela agônia, uma sensação que quer sair do seu peito, mas não vai a lugar algum. Está presa. Esta dentro de você, quase que implodindo você. Ela entra. É ela mesmo. Ela.

Quando ela senta à minha frente me cumprimenta, eu faço tudo como se estivesse bem. Mas não estou. Não esperava ela ali. Porque ela? Como vou fazer isso? Não sei.

Peço alguns minutos pois quero ir ao banheiro. Levanto-me. Jogo o cigarro no chão e caminho até a porta com passos firmes, mas tensos. Ao quase sair do recinto escuto uma voz inocente e pura me chamar e perguntar:

- Não vais precisar desta caixa de lenços?!

E a primeira cai neste instante.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Fantasmas

Não permito-me não tentar ser feliz por medo. Espero nunca perder para meus fanstasmas. Perder a fé na minha felicidade por medo de machucar-me. Prefiro viver a breves momentos de dor, ter tentando ser feliz, à viver em uma eterna dúvida de como poderia ter sido eu alegre. Caminhar no escuro corredor da felicidade, esbarrando em paredes de espinho, me fazem talvez mais alegre, quando me vejo fazendo curativos, do que olhar pela escotilha da solidão triste e segura. Espero nunca perder para meus fantasmas. Espero nunca perder a coragem de tentar ser feliz.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Felisciano

Atordoado como se tivesse acordado a pouco. Olhos ainda desfocados. Boca seca. Braço dormente. Esfrego as costas da mão nos olhos, começo a entender que ainda estou no mesmo lugar. A poltrona ali vazia. Ainda espero, olho a sala oval, olho o tapete no centro e apenas estas duas cadeiras, e uma mesa de apoio. Nesta, a única coisa que existe sobre, é uma garrafa de bebida maltada. Dois copos. Um pequeno balde de gelo.

Escuto risadas do lado de fora. Cada vez mais altas. Passos. Ele se aproxima. Entra. Alto, um homem de meia idade, bonito, muito elegante. Paletó negro, blusa branca, gravata vermelha. Muito alinhado como um manequim. Roupa esticada como uma perfeição duvidosa. Cabelos bem cortados, penteados minuciosamente para o lado direito. Alguns fios grisalho acima da orelha  dão o charme e o ar de interessante. Homem que sabe o que diz.

Ao chegar perto, não gargalha mais. Fecha o rosto. Se aproxima sem cumprimentar. Senta-se, serve uma dose para ele e para mim. Não pergunta, ao menos, se aceito. Apenas me entrega o copo. Levanto o copo à altura do meu rosto, em sinal de quem brinda.

Ele não faz nada. Vira a dose inteira de um gole e fica a me olhar, esperando as perguntas. Mas eu travo. Perco os papéis. Mãos trêmulas. Frio na barriga. Borboletas no estômago? Talvez não. Nervosismo. Estou com medo.

Não é medo dele. Do que ele possa me fazer. Mas eu nunca o tinha visto tão de perto. Era algo impensável. Surreal, e na verdade ele está aqui. Frente a mim. Real, vivo. Possível.

Não consigo o encarar. Não consigo falar.

Ele percebe. Olha o relógio. Levante-se. Não consigo me mover. Cabeça olhando um ponto  invisível no chão. Consigo notar que ele se vai. Em direção a porta ele caminha. Com a mesma classe que entrou, ele sai. Ao parar na porta de costas para mim, apenas diz:

- É necessário precisão cirúrgica para lidar com a felicidade.

Bate a porta. Não me olha. Fico sentado. Absrorto em meus pensamentos. Eu nem fiz a pergunta, mas tenho a resposta.

sábado, 19 de setembro de 2009

Melancolia

Ela entra na sala com aquela cara de quem dormiu não o suficiente. Vem vestida com um belo vestido até os joelhos, floral, mas não escandaloso. Um leve sorriso no rosto ao ver e reconhecer-me. O único objeto que trazia consigo era uma carteira de cigarro e um isqueiro na mão direita. Seus lindos cabelos pretos, lisos e compridos, estavam presos em um rabo de cavalo. Senta-se à minha frente, na cadeira reservada para  este momento, cruza suas pernas, daquele jeito sensual e atraente, entretanto não vulgar.  Olhando em meus olhos, ela me cumprimenta com um leve piscar de olhos. Oferece-me um cigarro.  Aceito. E é quando sua rede me captura. No momento em que a deixo entrar em minha vida, pois como um câncer não é necessário nada muito grande, a rapidez que se espalha é assustadora. Pego o cigarro e deixo ela acender para mim, não é preciso se esforçar muito, as cadeiras em que estamos sentados estão próximas o suficiente.

Começamos a conversar. A cada palavra sua, o doce perfume do seu hálito enebria minha mente, entorpece meu corpo, adormece minhas pálpebras, penso que não vou aguentar até o final  desta entrevista. As perguntas já saem turvas; as repostas controversas nem são dadas contas.

Vou derramando sobre a cadeira, com a estranha sensação que já estou caindo; ela  ainda falando, respondendo, divagando em seus devaneios deixando-me usufruir de uma falsa invisibilidade. Será que percebe, ou dissimula o objetivo alcançado. Quando vejo pingos em meu sapato lustrado, percebo então que já choro. Não notei  as lágrimas brotarem, tão pouco caírem. Ela acende outro cigarro. Desta vez não me oferece, acho que viu que eu não tinha fumado quase nada do primeiro, cinzas ao chão, cigarro apagado na mão. Não sei quantas perguntas já fiz. Não sei o que ela respondeu.

Seu semblante não muda. Palavras voando, sorriso no rosto. E eu me afundando na cadeira, me reprimindo a cada instante, com vontade de recolher as pernas juntos a meu peito. Abraçar os joelhos, cabeça entre braços, lágrimas no colo.

- Foi necessário passar por tudo isso para chegar até aqui. Faça valer.

As únicas palavras que escuto e ao abrir os olhos encontro-me sentado, sozinho. Na mesma sala, mesma poltrona, mesma posição. Nem resquício dela, apenas o aroma de seu hálito doce no ar.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ela É Brasil

Das maravilhas do mundo, dentre todas, a mulher é com certeza a grande obra prima. Creio que do homem, a única necessidade de existir foi a suposta costela para o nascer feminino. Nada sofreu e suportou mais dor que o ventre, da coragem feminina e beleza eterna.

Apenas a mulher sabe o que é amar de verdade, a necessidade da paixão, do apaixonar-se a cada dia de novo. O homem que traí por profissão, tem como falha de criação o não entender do amor cotidiano. Enquanto não acreditamos mais, elas vivem da esperança de um amor infinito. Quisera eu entender como belas elas são.

Existem mulheres belas, lindas, charmosas; as que encantam, umas te enchem de tesão, outras te deixam cegos, outras te dominam. Algumas você quer, outras você deseja, poucas você tem, muitas tem você. Existem aquelas palpáveis, as impossíveis, uma fração são palpáveis, mas por uma alma maravilhada, ficam entre palpáveis e impossíveis, devido a emoção de estar perto.

Assim eu conheço algumas. Não tenho a coragem de sair do meu observatório para algo mais, a simples visão do belo feminino me encanta; enubriado por algo que não é beleza, não é gentileza, simpatia ou qualquer outro adjetivo. Fica a beleza do se fazer mulher, das lágrimas, da beleza que somente lhes pertence, da humanidade e endeusamento natural à elas. Se fosse pra ocupar um lugar em um trono, seria ao lado direito, pois o centro seria delas.

Porque o magoar de tantos sentimento belos. Tantas lágrimas já derramadas, por uma vitória justa. E assim o pensamento chauvinista e porco de alguns membros masculinos ainda tentam se fazer de líderes de uma sociedade dominada e liderada por elas. O machismo tão feio e ilegal quanto o racismo, do mesmo princípio e ignorância.

E assim eu continuo entendo que quem manda são elas, não por serem ditadoras, mas por simples fato de serem mais fortes que nós, pois quem derrama mais lágrimas não é mais fraco, e sim tem mais sentimentos e vive com mais emoção. E assim passo meus dias admirando a beleza delas, como desta que me fez escrever, e ainda mais fará para minha mente. Ela faz parte da beleza maravilhada, que me hipnotiza, que não machuca, faz bem a distância e assim ficará.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Para Jorge

O estado do quase. É engraçado como nos dias de hoje, como as coisas vão indo, tentar fazer algo já é fazer alguma coisa. A simples noção de se mobilizar talvez já signifique algo realmente verdadeiro, não fosse o simples estado do quase, o estado que rege a vida de mais cidadãos modernos que qualquer outra coisa, apesar de acreditarem que a modernidade facilitou as relações interpessoais.

Entretanto filho, o que acontece, é que o mundo e as pessoas já se magoaram demais nos anos que se sabem, e devido a isso uma desconfiança, um medo, um freio, uma amarra segura nós, pessoas, a tentarem ser feliz, o que para tal é  necessário siso, momento sem medo. Tentar ser feliz é uma grande prova de hombridade, vontade, encarar a dura realidade do medo alheio.

Tudo difícil. Complicado. Inexplicado. E neste momento as pessoas quase nascem. São caracterizadas por gente comum, que já viveu bastante, que um dia já magoou e foi magoado, mas acredita que a vida pode melhorar, que é possível acreditar nas pessoas, que o amor é algo palpável e real. O grande problema é competir com uma descrença amorosa, que se faz regra nos dias de hoje.

Quase feliz. Quase amando. Quase se dá bem. Quase sai do estado de fossa. Quase namorando. Um total apaixonado que quase pode amar. O diferencial que percebemos nas pessoas marcadas à ferro pelo quase, é apenas um. Todos, inclusive eu, já saímos de vidas ruins, onde a maldade era a arma dos envolvidos, onde já fizemos besteiras, onde já erramos, e tudo o que acreditamos e queremos é alcançar a felicidade.

E quase conseguimos. E quase felizes vivemos. Enquanto o quase não se torna verdade, eu tento, você tenta meu amigo, e assim vamos viver. Perseguindo o plano, na sombra da felicidade. Vamos ser felizes e um dia vamos caminhar nas madrugadas rindo de como fomos quase, e hoje somos completos. O plano vai dar certo.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Cerejeiras

Eu já estou indo. Vou partir, não porque eu cansei de tudo, não porque eu não quero mais, entretanto não aguento mais o reflexo da midríase mostrando as noites sem respostas.

Estou indo. Não ache que vou feliz, não ache que desisti, mas o que posso fazer? Não tenho mais forças para viver nesta ponte que divide o céu e o inferno. Não tenho talento para purgatório, não tenho vocação para banco de espera.

O que doí não é o fato de ir, me machuca o ir sem querer ir, o adeus de dentes cerrados, o aceno de mão fechada, a lágrima que não quer cair. Ficar eu quero, mas ficar para perder o que eu construí seria besteira, ficar pra jogar fora o apelo, o zelo; insistir agora seria jogar fora.

Te mostrar o certo, o errado. A inexperiência machuca o experiente, que não pode errar por você, e tão pouco fazer a escolha certa. Querer dizer o caminho do paraíso, mas você precisa errar para aprender, e isto mais de uma vez.

Minha filha.

Não posso mais assistir isto consentindo a dor. Na rede que me deito só penso em ti, onde estará, fazendo o que?

Mas eu preciso partir, não porque quero, mas porque não aguento mais viver no limbo. Mas eu não vou de verdade, porque quem ama nunca vai. Vou, mas fico, te olho, te guardo e pai que sou, nunca te deixarei quando de joelho caires. Minhas duas mãos terá sempre para te erguer, mas desta vez precisas errar sozinha, e eu não vou assistir.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Xadrez

O Bispo: Joelhos perdidos caidos nos braços de casos de velhos telhados bravas machas belas claras as lágrimas escassas nas palavras são massas dias alegrias antigas Marias filhas sadias mentiras das crias jogo fogo no molho do povo.

Tabuleiro só duas diagonais: Direita esquerda beleza tristeza frieza na mesa princesa embora fora agora é hora demora tchau cal sal lual leal tarde sem alarde passos calados banhados vinho moinho carinho sozinho tinto lindo querido.

O que fazer: Escolher torcer arrepender correr morrer amor dor calor furor torpor chorar gritar virar melhorar porque querer você rir fingir não ir sair adeus meus teus.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Gasoso

Um decadente pedaço de nuvem. Uma nuvem caindo aos poucos, beijando o solo, com a calma de quem não sente nada.

Um pequeno pedaço de nuvem, se soltando da mãe, largando as mãos que lhe protegiam, porém não mais o farão.

Um pequeno algodão branco caindo em uma eterna trajetória onde os pingos de chuva são seus guias, e só assim ele sabe o que vai acontecer.

Um pedaço de nuvem que cai. Um pedaço de vida desperdiçado fazendo sombra para quem não precisa ou não merece. Um estufar de peito em vão. Um acumulo de chuva para um sertão que quer continuar seco.

Um pedaço de nuvem que esta cheio de tormentas; raios e trovões para soltar, mas porque? para quem? Se ele cai é porque não tem mais forças para se segurar no tecido azul.

Uma nuvem. Uma dança. Uma chuva. As folhas caindo no outono. As nuvens limpas do verão.

Um pedaço de nuvem caindo em direção a terra. Um sentimento gasoso, difícil de agarrar.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Soneto Do Cavaleiro

Os velhos joelhos tocam o chão.
Não dão mais forças para lutar
Fazem da espada herdada
Um peso para o velho ancião.

O brandir dos metais
Dá ínicio ao combate já marcado
A verdade da derrota premeditada
Faz um lado alienado.

As lágrimas que correm peito
Minhas mãos, rosto e espírito
Encontram no orgulho seu leito.

Talvez eu soubesse
Apesar de tudo predito
Que eu lutei em vão.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Velho Astronauta

Apesar do estado de astenia que aflige, não seu corpo, mas sua alma, ele ainda sentava todos os dias, com a esperança e mais ainda a vontade de quem quer chegar, de frente para esta escotilha do velho foguete, que assim como o velho astronauta, não tinha o maior vigor físico ou anos de experiência lunar, todavia tinha o objetivo muito bem traçado.

Dentro da singularidade, onde não existia som, gravidade, a memória era o único recurso que o velho astronauta recorria nos momentos de amor que atacavam seu peito, fazendo suco de um coração espremido, mas que ele sabia que ali, no espaço insólito, não adiantaria nada beber deste, e seus ouvidos relembravam dos acordes finos e suaves que tanto o fizeram amar e decidir jogar o copo de suco para o espaço literalmente.

Apesar da solidão negra e compacta que os meses viajando causavam, o velho astronauta não perdia o ciso, escrevia em seu diário todos os dias relatando o que acontecia, as suas lembranças da terra, de como tudo na sua vida tinha caminhado até o dia de hoje, onde ele se via pilotando um velho foguete, onde na bagagem tinha apenas memória, amor e um velho violino, pois tinha feito uma promessa apesar de todas as críticas e xingamentos que recebeu, pelo simples fato do som não se propagar no espaço, mas não era o som do violino que lhe importava e sim, o som do coração.

Lembrava todos os dias de tudo o que tinha acontecido para chegar até ali. Das noites nubladas na cidade que não permitiam sequer ver estrelas, das tardes deitado no terraço de sua velha casa, olhando para um céu laranja, onde o Sol não existia e apenas nuvens esticadas faziam cenário. Até o dia em que decidiu tocar violino no terraço, sozinho, como todos os seus dias naquela velha vida. De repente ele não estava mais sozinho, em tantos anos dedicados a uma solidão fiel e escudeira, ele se viu sem nuvens, também sem estrelas, porém com uma linda e azulada companheira, a mais bela das Luas escutava seus acordes, com o maior dos sorrisos.

As noites do velho astronauta não seriam mais as mesmas, tudo ali se tornava mais belo e simples, ele se via no reflexo lunar, via que ali em algum lugar distante a sua morada o esperava; com anseio de quem ama, ele decidiu ir até o espaço e tocar violino pessoalmente para a Lua sorridente. 

No foguete, sua solidão era compensada por lampejos de uma vida triste, sem objetivo e igualmente solitária na Terra, que também não tinha atrativos para segurá-lo.

Ele decidiu ir até o fim. O velho astronauta não queria ganhar a Lua, mas sim conquistá-la. Fazer dela seu e o seu dela.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

24 Ago. 1951

Nas noites quentes do verão equatorial, eu me via perdido em sonhos de uma felicidade real e possível, só que muitas vezes atrapalhada por sentimentos de uma confusão mental, sobre o que fazer, o que falar, tirando do caminho minhas reais intenções, como um castelo de cartas que ao demorar demais para colocar a última carta o vento bate e todo o trabalho é perdido por hesitação em demasia, e assim eu me encontro na encruzilhada das decisões, onde nenhuma está certa ou errada, são apenas decisões, que tem de ser feitas a cada dia, não podendo desfrutar do luxo destinado a poucos, que resume tudo em uma única e singular escolha, que a partir dela, as coisas caminham de acordo como o escolhido, todavia no meu caso, as coisas que levam a escolhas diárias são também as responsáveis por todo um sentimento verdadeiro e puro, como em anos não encarava, por isso não sei que lado escolher, estou envolvido emocionalmente, ser aquele que encanta tentando ser correto em todas as escolhas, mas camuflando defeitos que podem ser diferencias em relações, pois as pequenas deformações de caráter, como os chamo, são as atributos que provam o amor, pois amar qualidades, qualquer cidadão com amor pode fazer, entretanto, os defeitos são o que os casais têm de amar, são nossas imperfeições e o amor dedicado à elas que fazem duradouro quaisquer relação interpessoal se tornar sólida, em contrapartida no meu peito bate seco a vontade de ser eu, a necessidade de mostrar quem eu sou, do que eu gosto, não que até o presente momento não tenha acontecido nada semelhante, a loucura e o caos em que vivo foram apresentandos de maneira comedida, a imprevisibilidade impregnada no eu vai indo aos poucos, as cascas de ovos são uma fobia neste momento, medo de pisar com autoridade, contudo já perdendo o equilíbrio de quem tenta caminhar como um gato lunar, dentre todas as escolhas já feitas não estou errado, mas estou falhando na apresentação de quem eu sou, brincar de gentleman para no final ser apenas o homem comum, nascido e criado com os tropeços de qualquer um, com berço de madeira sem sapatinho de bronze, viver, viver, eu já sei o que fazer, as decisões, mas ela é ela, tenho que por alguns momentos esquecer este título, sem ter em contra partida a confusão que me acomete, quando penso que todos têm chance de virar estatística, cinqüoenta por cento para cada lado, o medo está ai em tentar uma felicidade e bater de cara contra o muro, mas daí a ficar em num estado de catarse antecipada ao desfecho é perder tempo de ser feliz; espero dar o passo certo na direção que me levará ao pretendido...

Diários de Fernando Campos Diniz

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

No Azul d'Ella

(Porque as brigas surgem entre quem mais temos amor?)

- (Sic) Alô?.....

(O amor é tão ligado a insegurança)

- Alô? é você?

(Quando não ligado emocionalmente, as atitudes fluem tão fácil, agora fico aqui olhando para o infinito, pensando no melhor jeito de falar com ela)

- Oi, sou eu......(sic!)

(Se fosse uma a mais ou uma a menos, seria tudo mais fácil, mas eu gosto desta única)

- Errr...tudo bem?
- Tudo e com você?

(Para ela parece tão natural. Será que eu sou um a mais ou um a menos?)

- E aí? me conta como foi tudo?
- Olha, foi ótimo....(etc...)

(Eu preciso me tornar visível, mostrar não o quero, mas o que pretendo. Não quero virar estátistica)

- Que bom, lembrei de ti hoje....
- Jura? O que foi?
- Vi na minha vida, que se hoje falta algo...

(Eu não vou perder para meus próprios fantasmas, o construtor de minha felicidade só pode ser eu mesmo)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Cubo Mágico

Assuma as consequências do que te faz feliz, ele dizia para si mesmo nas noites vazias em que ele teria de encarar seus próprios atos, onde a tristeza de alguns é parte construtora de uma felicidade maior, onde a verdade seca e dura faz-se o único meio de alcançar o almejado amor.


domingo, 2 de agosto de 2009

O Tempo

Na malha aveludada que se fazia céu, não havia mais espaço para pontuar estrelas. Já na imensidão azul celeste, não houve chance para nuvens.

Encontrava-me ali, sentando no mesmo rio, na mesma areia que tantos dias me abrigaram, com os mesmo pensamentos que me consumiram durante este período, deixando-me a certo ponto triste em outro em alegres, onde pode-se dizer que o rio, o céu, a falta dos amigos de copo e de cruz, o mistérios daqueles belos desconhecidos que também dividiam o rio comigo, fizeram minha cabeça pensar de maneira saudável, diga-se de passagem, um período saudável na minha vida, onde na verdade o único medo que esporadicamente vinha a mente eram as ditas arraias que nunca foram vistas, diferente das belezas mundiais que pude presenciar, onde as pessoas mais belas do mundo, tanto homens quanto mulheres, se reuniam ao redor de um ideal: a bondade e a força em acreditar que o mundo ainda tem jeito; diversas vezes na minha vida pensei que não adianta fazer nada pois ninguém faz, o que se mostrou demasiadamente errado por minha parte, pois existe ainda muitas pessoas boas no mundo que realmente se importam, que estão fazendo algo para sua melhoria, grandes seres humanos que abandonaram uma vida de luxo, vida confortável, para viajar o mundo e passar alguma mensagem.

Você tinha tanta chama que eu mal conseguia me aproximar. As duas margens se fechavam em uma solitária prazeirosa.

Nos anos que se sabem, desde que este grande encontro começou a acontecer, não se sabia de um dia de chuva neste abençoado lugar, entretanto sinto-me um felizardo por ter presenciado uma das maiores cenas de energia positiva explodindo em toda minha vida, quisera eu que minha memória deste dia nunca se perca durante os anos, mas enquanto isso eu lembro-me de cada detalhe e até posso sentir o arrepio que senti na hora, e só de contar novamente a história da grande abertura, onde todos estavam em transe, um transe não comum, onde a única coisa que distraiu os adeptos foram os primeiros pingos de chuva, o que na verdade fez todos sairem de seu estado e começassem a se olhar sem entender, escutava-se ao redor "mas nunca choveu aqui", "o que está acontecendo?", mas nenhum pergunta era respondida e os pingos continuavam a cair, o público decide então abstrair os pingos e voltar ao transe inicial, entretanto a cada momento mais pessoas entravam em transe, mais a energia crescia e mais a chuva aumentava, cadeiras voando, barracas quebrando, a estrutura da pista principal, onde todos que estavam em transe e mandando energia para os céus, desabava sobre o público, e a chuva sem dar trégua até o momento em que ela desabou de vez e o público explodiu em uníssono, a chuva e o transe se fizeram um ser novo e singular.

A luz que saiu da pedra branca iluminou Deus que tocava cítara com seus vários dedos e animou os ciganos que ali estavam para começar a dança que contagiava o público; coloridos, alegres, sorrisos fartos e olhos brilhantes assim são os ciganos que eu vi dançando juntos, segurando o mundo em suas mãos em um ato circense no momento de espiritualidade de todos, onde dez mãos seguravam o planeta sem o deixar cair sequer um segundo, até pessoas de fora entrando para ajudar a não deixar o mundo cair em perdição, acreditando que há esperança para tudo isto que está errado, e de fundo transcedental surgia a música, a luz, a divindande a tocar sua música, com os espiritos sagrados a dançar ao seu redor; cada acorde penetrava meus ouvidos fazendo-me pensar em tudo o que já passara ate ali é o porque de minha felicidade em poder ter tido uma visão de Deus, pois naquele dia, naqueles breves segundos de minha vida, eu tive uma visão divina e pude entrar em contato através da música com um Deus.

A incredulidade é um problema moderno, é possível mudar. O mundo pode ser diferente.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Poço

O desejo da boca é o beijo.
O desejo dos olhos, o pôr do Sol.
O desejo do nariz, as ruas de Outubro onde a maniva ferve.

O desejo dos braços, o abraço.
O desejo da tristeza, a alegria.
O desejo da alegria, a esperança.

O desejo do pescoço, o arrepio.
O desejo dos ouvidos, o sussurro.
O desejo dos pés, o descanço.

O desejo do cabelo, o cafuné
O desejo das unhas, arranhar.

O desejo de viver tudo.

O coração só quer se correspondido.
O amor só quer ser vivido.

domingo, 19 de julho de 2009

- Sem Data -

Lembro-me dela. E a cada memória viva em meus olhos não consigo separar o amor da tristeza. O simples e perfeito fato de viver é ser triste, onde ter saudades é bom, mas machuca demais meu peito que sofre por ela, por a querer agora, por deseja-la para sempre. O para sempre pode ser longe demais, mas o que seria dos amantes senão os sonhos malucos, as incoerências de um amor ainda sem pilares, baseado apenas naquela noite de música, dança e a conversa mais doce e mansa que já pude ter, onde a única luz da razão que banhava o veludo do céu era a Lua, a mais bela delas.

Não sei o que fazer quando dou-me conta e estou sem rumo em minha casa, andando nos cômodos que tanto conheço, porém completamente perdido, seguindo meu faro apurado o perfume conhecido, do momento quando a abraçava e sentia no seu pescoço e no cabelo que ficava a tocar minha face, o cheiro que agora não sei se existe ou é o que resta da minha blusa e minhas mãos que tanto passaram por dentre seus longos e belos cabelos, do seu pescoço esculpido em mármore, perfeito, onírico, das suas mãos, ah que belas mãos...feitas por algum artista renascentista, para combinar com sua boca, lábios de mel, sempre escondendo o sorriso infantil e sorrateiro que sempre foge dos meus olhos apaixonados, não sei se é loucura que me invade, entretanto sei que estou apaixonado, ó meu pai, não quero nem mais sair de minha casa enquanto ela não estiver a meu alcance de novo, porque não há sentido estar na rua senão for para estar com ela.

Sinto-me triste por não poder estar ao seu lado neste exato momento em que escrevo aqui neste meu velho caderno, é...a única coisa que me consola é que ela disse com um muxoxo, na hora em que anunciei minha partida, sua tristeza, mas que iriamos nos ver quando ela voltasse, o que durará em torno de dez dias para nosso próximo encontro, dez dias são uma breve eternidade para quem está na loucura amorosa, o que, se pensar com tato e controle das emoções, sinto-me até então um amante muito feliz, pois a tristeza que me assola faz-se apenas porque eu estou enamorado e tudo o que quero é estar com minha bela andarilha de noites a dentro; minha preocupação é porque não somos um casal, nos conhecemos agora, apesar de eu saber que ela estava lá toda minha vida, que ela ia aparecer onde eu estivesse, ela era para mim, só poderia aparecer onde eu estivesse, todavia o que me pertuba, é pensar que, será que ela acha o mesmo ou nestes dias que nos separam ela poderá encontrar um novo amor, pois ela pode ser para mim, contudo eu posso ser o errado para ela, meu medo é este tenho de confessar...é perdê-la.

Enquanto não chega o momento de nosso reencontro tento não ficar deprimido, apesar de sempre achar e continuar achando até o último dia da minha vida, que a tristeza é a grande companheira do homem durante a eternidade de nossa existência no mundo real ou imaginário, sem ela eu não estaria aqui desabafando através de letras e palavras, eu não teria porque caminhar uma estrada longa e sem mapa, sem bússola, mas afinal, é isto que faz o amor ser o que é, andar para a frente acreditando em nós dois mesmo sem ter provas para tal.

Dez dias ó meu pai, apenas dez dias...


Diários de Fernando Campos Diniz.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Luê Naya

Da lua minguante,
donde os sorrisos nascem.
Sorrisos belos,
com lábios de mel e dentes de luz.

O amor de nós dois
se faz tetrafásico
Durante nossas noites,
nossas vidas.

Irá sair como a nova.
Minguar com um sorriso.
Invadir como a cheia,
e crescer como eu e você.

Assim como as cordas do teu violino
Que em você são coração e alma.
Somos o que procuramos alcançar.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A Princesa e o Sol

A princesa do reino das mangueiras,
bela, encantadora, sempre teve tudo.
Tinha tudo, mas não era esnobe,
entretanto todos aqueles que tem tudo a certo ponto se confundem
com o que podem, devem e merecem.

Não queria naquele dia que o Sol nascesse.
Não queria olhar para o Sol, não queria que o Sol a tocasse.

Brigava, chorava, reclamava ao Rei seu pai,
“o Sol é mal, só machuca, quando tocou-me
deixou-me vermelha e ardida, eu só queria que ele
me deixasse mais viva.”

O rei explicava que o Sol era bom,
dava vida, mas vida em excesso também machuca,
por isso as flores precisam de Sol, mas também
precisam de água, pois precisam se hidratar.

A princesa chorava, ardida reclamava, mas estava doida
para olhar seu jardim que não florescia há tempos.
Ora praga, ora chuva demais, ora neve. Não importava.
Seu jardim há tempos não florescia, e logo o jardim herdado de seu mãe.

Rainha cuidadosa, desde sua partida nunca mais uma sequer rosa aparecera.
Nem as lágrimas da pequena princesa fazia germinar flores no já velho jardim.

O Sol neste dia, escondido atrás das nuvens,
porque este sim amava a princesa, escutava
seu choro, suas lágrimas ao chão.
Ao ver que a princesa voltava pisando sobre suas lágrimas
caminhando sobre um calvário decide mostrar seu amor,e se põe ao dia mais ensolarado do ano.

O solstício de verão fez-se.

Ao acordar no outro dia, um dia nublado,
misteriosamente nublado, ela desce, toma seu café.
O rei toma sua mão e a leva sem falar nada para fora do castelo, ela triste, ainda com olhos de uma noite de lágrima o acompanha sem dizer nada.

Ao entrar no antigo jardim de sua mãe ela percebe o milagre, onde não havia nada, apenas sebe, surgiu um belo jardim de Girassóis.
Dos grande e bonitos como sua mãe amava.
Ela não compreendia, não havia nada, nada. Ela ri, chora de alegria, abraça o pai, corre de volta para o castelo e resgata um retrato antigo de sua mãe e o coloca junto as flores.

O Sol neste dia não saiu.
Apenas ficou a admirar o sorriso da princesa, que era encantador.
Por mais que ela não pense no Sol como bom feitor, ele faz-se feliz em saber que fez o dia da princesa melhor.

O Sol neste dia não saiu.
Mas olhou por trás das nuvens a beleza dos Girassóis da princesa.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

F.C.Diniz

Fernando Campos Diniz nasceu no ano de 1930. Seu pai Acriano, sua mãe Cearense, tiveram um filho em Belém do Grão Pará. Durante seus anos escolares nunca foi o melhor aluno porém longe do pior. Sempre gostou de saber, não importa o que iria saber, mas gostava de coisas novas.

Nunca foi de falar, entretanto sentiu no maior âmbito desta palavra. Se dedicou as palavras, as escritas, trabalhou na empresa telefônica da cidade por anos, concursado da antiga TelePará, nunca se destacou no trabalho, mas também nunca cometeu erros. No geral assim foi sua vida, nunca uma estrela tampouco esteve no fundo.

O velho Fernando sempre amou as crianças, os jovens, sempre gostou de uma conversa mansa, um papo furado na esquina sentado à porta de sua casa. Aos 79 anos continua por escrever, mas não mais sobre novas coisas, como ele mesmo diz já viveu o que queria, prefere se dedicar à suas memórias que sempre lhe arrancam lágrimas e sorrisos esguios.

O que ele me ensinou foi amar, amar de verdade até o fim do sentimento, até o fim do amor. A compaixão, a ser feliz e se amar, porém, se amar sem egoísmo. Lendo seus diário me encontro, ou ao menos vejo algo que um dia posso ser. Não sei em que ponto nos 58 anos que nos separam, nos encontramos, mas o tenho como amigo, como uma metade que aprende e ensino a cada dia novo que nos resta. Eu ainda tentando viver muito ele me contando como foi viver muito.

Caro Sr. Fernando Campos Diniz, agradeço as tardes de conversa fiada, de café com leite, biscoitos, bolo solado e vida após vida confessada.


terça-feira, 23 de junho de 2009

20 Jun. 1951

Lembro das viagens com amigos. Das noites de risadas. Nos balneários de minha infância e juventude. Da falta de problema, da vida sem rancor. Das besteiras e fidelidade. Aos amigos que já se foram e aos grandes que me restam. Cigarros e bebidas, comidinhas com amor donde na verdade era mais que sabor.

Este poema foi feito há anos, não lembro-me muito porque o decidi escrever, mas quando jovem sempre gostei de escrever, pensei sempre em levar isto como lavoro, porém nunca achei que conseguiria. Na ditos anos de juventude, digo 'dito', porque sempre me sentirei jovem, enfim, eu adoro estar com amigos e sempre gostei de escrever para homenagear tais momentos. Este pequeno poema foi feito para uma destas pequenas viagens, achei-o por dentre papéis envelhecidos dentro de velhas caixas de sapato, do tempo em que ainda os usava.

No reflexo bandeirante da luz,
Risadas no quintal ofuscam atenção.

Os vultor reais de tantos amigos,
Na casa de tantas memórias e saudades.

No rio terreno de apenas som,
Junto a ceia dos verdadeiros.

Entre os estalos dos bambus,
Nos ecos "espassados" nos corredores,
As retas da mansão colorida.

Diários de Fernando Campos Diniz

segunda-feira, 15 de junho de 2009

06 Set. 1962

"- Não. Não é assim. Você tem que virar direito pro sol refletir e assim a luz começar a queimar.

- Fernando onde aprendes isso? Em minha juventude nós seríamos presos por estar aprendendo isso, hahahaha.

- Seu Otávio, hahaha, isso é tudo normal, é apenas a luz do Sol."

Lembro-me de Seu Otávio. A transparência de um copo d'água. A honestidade de uma criança, talvez por isso tenhamos nos dado tão bem. Ele era porteiro, faxineiro, faz tudo do velho cortiço onde passei a primeira infância.

Seu Otávio que tanto me ensinou sobre o ser humano, sobre ser íntegro, sobre como cuidar de uma casa. E eu em troca lhe ensinei a brincar, a sorrir, a ser feliz, o que acredito eu, ele me ensinou primeiro sem saber. Infância sofrida, sem ter estudado, apenas trabalhado desde os seus cinco anos, quando o conheci, aos 60, já tinha as marcas da vida no rosto, nas mãos, mas mesmo assim ainda existia por trás das rugas lugar para um sorriso, uma lágrima.

Nunca casou, nunca teve filhos, porém sempre falou, sem muitos detalhes, de uma Sra. Glória, algo que consegui descobri durante os anos de conversas é que ela era mais nova, trabalhadora também, mas se encantou por um jovem, estudante de engenharia e Seu Otávio ficou sem amores até meu conhecimento.

Sua sabedoria de cidadão regular sempre me fascinou, de todas suas frases a que mais recordo é quando me disse: "todos os problemas do mundo são gerados por dinheiro, ele é o grande destruidor da paz". Eu tinha meus oito anos de idade e nunca me esqueci desta frase, de um homem comum, sem egoísmo, sem escolaridade, entretanto nunca eu conseguiria tal perfeita afirmação.

Em contra partida nunca esquecerei quando mostrei que era possível queimar papel apenas com uma lupa e a luz do Sol. Seu Otávio ria como uma criança, parecia mágica a seus olhos, estava assombrado, espantado. Ver aquela alegria de um velho camarada era uma fascínio enorme, quanta alegria nos olhos. Amo as crianças por isso, um dia fui uma delas e hoje quero e procuro ser como Seu Otávio para estas que me rodeiam as pernas.

Diários de Fernando Campos Diniz.

terça-feira, 9 de junho de 2009

22 Ago.1958

O amor nunca é. Ele é sempre a esperança de para sempre ser. Morada na esperança, com um pé no realismo e outro na duvida do amanhã nublado.

Meu amor, neste ano de tantas confusões te escrevo para contar que o meu amor, vive no seu amor, na sua esperança, se tenho um pé na realidade, tenho o outro no chão do seu quarto esperando você entrar. Enquanto os dias passam sem nos vermos, as noites frias no cobrem de sentimentos saudosistas, para um manto de veludo está o nosso amor inverno primaveril. Nas costas desta distância, não vejo problemas entre nós, o amor está querendo ser e vencendo as dificuldades. Um amor imaculado no limbo dos sentimentos raros em poucos e tantos.

Sinto sua falta nas coisas mais simples do meu dia, como o barulho da louça do café da manhã, o som de passos no quarto, minutos antes de você vir me acordar, aonde eu fingia um sono gostoso somente para ser acordado com o gosto da manhã de seus beijos. O coçar das costas, a maciez de seus pés nas noites de jornal, massagens, café e conversas. Te encontrei dentre todas as esquinas do mundo na minha.

Nas noites de cortejo te amei mais que a vida, as estrelas nos seus olhos, a lua de seu peito, o reflexo da vida perfeita a partir daquele dia. Te amo mais que meu destino, cego pelo futuro incerto, ofuscado por incertezas certas que serei feliz ao seu lado hoje e sempre. Pois o presente nada mais faz parte que a transição eterna, não existe o agora, ou é passado ou caminhamos para o futuro. O presente é um pavil que corre até o explodir da bomba vida, e como inevitavel será chegar ao fim, prefiro caminhar de mãos dandas neste pavil, que se faz de corda bamba. Cair, voltar. Caminhar até o final.

Eu te adorarei como minha musa e deusa; te amarei como a mulher de minha vida. Nas esquinas, nos cortejos, nos cigarros, nas bebidas, nos amores, nas conversas e tanto nos silêncios.

Fique com você, comigo, conosco para vida.
Seu eterno e amado,

Fernando Campos Diniz.

domingo, 7 de junho de 2009

Realismo saturnino

A estrada é menos tortuosa que sua representação.

Nadar sobre a Lua do lago.
Pisar nas estrelas no chão da velha casa.

Tudo parecia correto nas curvas sintuosas e chão irregular da vida.
Ele viveu, vive e continuará nesta tendência.

Lembra da sacada grande? Aquela onde todos sorriam e cantavam?
Não, mas bem que eu gostaria. Assombrações de uma vida postúma sempre tocam meus sonhos de plenitude.

Não medo das assombrações em si, mas sim do que elas lembraram. E da correnteza que parece tentar me arrastar para um lugar que já fui e não quero mais voltar. Sabe? Daqules ambientes onde você já esteve, conheçe tudo muito bem, contudo não pretende voltar.

Correnteza por mais forte que seja, peito de remador e braço de nadador me trarão de volta à margem segura, do píer sem luxo, sem beleza exuberante. Apenas firme como rocha, sem fissuras irreparáveis.

Rachaduras, marcas, prefiro ver como lapidação de um novo eu, até a beleza de uma pedra rara, cuidadosamente trabalhada pelo ourives do nosso destino, que somos nós mesmo.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Cobertura

Existem lugares onde todos querem ir e por isso o ambiente fica constragedor. Muitas pessoas, mesmos objetivos e pouca definição de quem vai e quem fica.

Um elevador lotado para uma cobertura onde não há vagas para todos.

Subir de escada, com um cigarro na mão, um sorriso no rosto e a certeza de que quando este elevador super lotar eu não estarei espremido no canto, tão pouco correrei o risco de cair com todos eles no poço. Posso até nunca chegar nesta cobertura, mas do térreo até lá farei bons amigos e ganharei saúde. 

Só não quero incomodar os vizinhos, que nada tem a ver com o elevador, menos ainda comigo, que ando de escada. São amigos que apoiam, dão cigarros, cerveja, apoio moral.

Elevador é rápido, só um botão. Eu continuo subindo, devagar e sempre e sei que estou bem aonde estou, nem com pressa nem sem cuidado, vivendo e curtindo cada andar como se fosse o melhor. Um degrau de cada vez.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Lobo e Cordeiro

Se as coisas fossem vistas por um referencial distinto, muitas delas não seriam tão problemáticas como são. 

Talvez o lobo mau não tenha destruído a casa dos porquinhos porque queria, talvez estivesse querendo entrar, poderia estar doente, só que acabou por espirrar, como tentava avisar e assim colocou a baixo a casa dos seus amigos suínos. O que me faz acreditar que talvez fossem os porcos os verdadeiros culpados, preconceituosos, esnobes, nariz em pé, que devido a aparência do pobre lobo, começaram a espalhar boatos desde que este saiu da floresta da chapeuzinho e se mudou para o campo. Não queriam ameaças, logo, nada mais fácil que colocar a culpa no novato, que já tinha fama.

Fama adqüirida por seus problemas com a srta. de chapeú vermelho, garota mimada, que tinha tudo na mão, nunca teve de fazer esforço nenhum para conseguir nada. Ficou revoltada por ter que ir cuidar de sua vô na floresta, decidiu ter um caso com o lenhador e esqueceu que sua vô não podia cuidar de si própria. 

Morreu de inanição e displicência.

Colocar a culpa em quem? Assumir para sua família que ela deixara sua vô morrer por falta de cuidados? Ou arranjar um bode expiatório e deixar os problemas para ele? Seqüestrar um lobo, arrumar uma cena do crime e álibi.

Por mais que o lobo já tenha cometido alguns pecados na sua vida, ele vivera sobre a regência destes atos até que seja feito dele um judas moderno? Mudança de comportamento. O lobo já não é mais o mesmo, não nega que já foi lobo, não discuti seus erros, mas não poderá viver a chibatadas, ele não quer mais cordeiros. Lobo agora é vegetariano, só busca amigos e confiança, o lobo sabe que está no caminho certo e percebe que não pode confiar em todos as meninhas bonitinhas de vermelho e porquinhos alegres. Não mais devorar ninguém, porém também não mais se render a bondades suspeitas. O lobo só quer paz, um lugar onde seus atos o deixem viver uma vida nova e não uma vida de explicações, de histórias velhas.

Lobo ainda tem dentes, olhos grandes, orelhas grandes e boca enorme. Para sorrir, olhar nos outros olhos, escutar bem e se calar bastante e não se meter do que não é da sua conta.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Matinta Pereira

No verde floresta,
Constraste do azul céu,
Chão piçarra, água marrom.

Nos igarapés de minha alma,
deviam ser deuses e espíritos,
a proteger e punir dos destruidores.

Quisera eu. 

Curupira se real,
Mapinguari que letal!
Assim belos seriam meus igarapés.

No chão de folhas, 
na argila do leito das águas calmas.
Iara, minha mãe, chora.

Quisera eu.

Saci vai girar, 
Boitatá se vingar.
Assim seriam belos.

No cheiro de alecrim,
Do orvalho, do cimento quente,
Do urucu fresco de vermelho forte.

Cachaça e fumo para aquela que nos protege.
Para o respeito guardado a sete chaves. 
Assim belos seriam os igarapés do Apeú.

Quisera eu.

Assim civilizados, nós homem, seríamos.
O mais longe possível da civilização.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Lupa

Não há nada mais belo que crianças curiosas, com aquela sede de novo, vontade de desbravar os mundos ainda desconhecidos. Crianças que descobrem com alegria a mais simples invenção, como se fosse a maior de todas, totalmente diferente dos adultos, que não já não tem mais o brilho da descoberta nos olhos, começam a ver tudo como papéis, obrigações, sentimentos tristes, como se esta simplicidade não os mais tire de sua inércia.
 
Hoje aqui em minha casa, estava uma bela mocinha que não passara dos 7 anos, ele brinca pela casa, dá o ar de alegria juvenil que toda casa precisa, de repente ela entra na biblioteca de casa, onde eu estava parado conversando com minha irmã, esta que nem percebeu o que eu vi, espero que minha irmã não tenha já perdido o brilho dos olhos sobre as crianças. Estava eu de costas para a criança, de repente vejo ela começar a olhar tudo com alegria e pequenas risadas em um antiga lupa de leitura que está na estante.

Lembro-me de Gárcia Márquez, quando Aureliano Buéndia no momento final de sua vida recorda de seu pai o levando para ver a primeira vez o gelo, lembrança esta que ele nunca esqueceu. Assim eu a vi, feliz, indo chamar sua mãe para ver a nova descoberta, um vidro mágico, que ao olhar através deste o objeto do outro lado fica maior e mais próximo. Nada mais lindo, fiquei deveras emocionado.

Espero que ela nunca esqueça da primeira vez que tenha visto uma lupa, espero que esta curiosidade nunca seja perdida que ela não vire um adulto sem o espírito da criança. O importante é ser adulto com a vivacidade das crianças, vivendo com emoção a cada instante, sempre vivendo uma grande aventura.

Quisera eu que ela olhasse-me com a lupa dela e visse bem de perto se eu ainda tenho em algum lugar esta criança que tanto invejei hoje.

domingo, 3 de maio de 2009

Di'Lua

Quando estamos procurando, em busca, atrás de um novo amor, temos a grande prepotência de achar que nós vamos escolher este alguém, o que na verdade, você, humanamente errado, não pode escolher ninguém, é o amor que vai lhe escolher. Você apenas busca, vai atrás das opções, pode ficar frente a frente da "escolhida", mas no fim é ela que vai dar a última palavra e lhe escolher ou não. Assim como do exposto acontece inversamente proporcional a mesma situação, de alguém achar que está lhe escolhendo e você no derradeiro suspiro do próximo, não se demonstra recíproco.

Os anos passam, as pessoas passam, os dias se trocam na valsa estrelar do todo dia. Não sabe-se ao certo porque as pernas balançam. Tudo longe. Aqui, felicidade. Lá, as velhas pernas balançadas, que só são ativadas no mais breve ou tardio olhar. 

Os dias frios ou as noites de calor?, são estes os momentos pelos qual até hoje a dúvida original se apóia para sobreviver sobre meus ombros, já cansados de errar. A vida perfeita, a esposa dos sonhos, o vislumbrado sonho de uma vida linda como um porta retratos ainda na loja, com fotos de famílias perfeitamente desconhecidas, seriam assim meus dias frios?. Pernas bambas, olhos com amontoados de lágrimas, coração pulando, seria possível viver tão intensamente em noites de calor?

Desta vez, graças a divina providência, eu sinto-me feliz em não possuir o dom da escolha, pois entre noites de calor e dias frios, acabaria eu, mais por medo e indecisão, morrer nas tardes de mormaço.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Em

O amor é bom! Isto é uma afirmação que posso fazer com veemência, quem não gosta de amar, ser amado? Todavia, em parte o amor é tristeza, ele não é homogêneo, nunca uma constante, também não precisa ser vivido com variáveis e pressupostos, a de ser encontrado um equilíbrio entre os altos e baixos da vida. 

As variações possíveis e inevitáveis correspondente a idiossincrasia de nós indíviduos. 

Amar é sofrer por amar, é ser triste, aquele que ama é triste, o amor é a alegria mais triste que existe. Era para ser uma dor sem feridas, uma tristeza mansa, sem verdadeiro sofrimento, o que às vezes se torna impossível. Nada melhor pra vida do que um amor.

Em partes amor é tristeza. Na vida quem sofre ama.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Partes

Já pensei, e muito, em como somos criaturas que a cada experiência, sendo boa ou ruim, vamos sendo lapidados como diamantes, até chegarmos em nossa forma perfeita. Todavia, neste percurso experimental de la vita, vamos deixando estes pedaços ou lascas ao decorrer do caminho, pequenas partes de você que vão ajudando a completar diamantes deficientes de outros. Como dizia o poeta baiano, "pela lei natural dos encontros, eu deixo e recebo um tanto".

Nesta troca de essência, você acaba por participar de vários grupos. E deixa, como dito, um pouco teu em cada um deles e transforma, com isso, grupos em porto seguros. O que na verdade, era para se ter apenas um único bom porto seguro, onde você poderia voltar, se reerguer quando os pedaços já foram demasiadamente disseminados. E o melhor porto seguro que todos podemos ter são as verdadeiras e velhas amizades.

Não importa se navegas em outros mares, até parando em outros portos, porém sempre há de voltar no seu bom e velho porto, onde nunca deixou de ter apoio, por isso, aqui ressalto, a necessidade de deixar um pouco mais dos seus pedaços no porto seguro de sua vida, pois nada pior do que ser de vários portos, vários amores e  no final acabar não sendo de nenhum. O seu navio parará em tantos portos, por tempos tão semelhantes que no final, você não será esperado em nenhum deles, bem recebido em todos, mas nunca fará parte oficial de nenhum.

E nada mais seguro na vida, do que aquelas velhas amizades. Velhas, não no tempo real, mas no sentimento, como se sempre tivesse conhecido tal pessoa, não confundo amigos da vida com amigos de verdade. Não confunda um porto luxuoso e rico com um verdadeiro porto seguro.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Amor

Saudade só existe no português. Eu, entretanto, não sou muito ligado em saudades, dificilmente sinto verdadeiras saudades, saudades daquele de doer o peito e querer sair correndo para perto do saudoso ser.

Na maioria das vezes a saudade é apenas pura convenção da distância. Estar longe já faz com que você já diga que sente saudades, e isto nem sempre é verdade. A distância não cria saudade, o amor é o responsável, ele cria este sentimento, não importando localidade, basta um dia longe para ser te saudades, na mesma cidade, na mesma casa, basta o não ver o não ter, para ser criada a dependência.

Eu senti saudades estes dias, de uma amiga, na verdade, amiga-mãe, pois assim ela me chama de filho. Marília, Maria, Diva, como preferir, eu senti saudades dela, e ela sim está longe, e confesso que antes devido a alguns egoísmos que não entendo o porque, não senti a saudade que senti ontem, a vontade de tê-la perto de mim.

O amor é triste, é saudoso, por isso ele é bom, ele cria dependência, um vício como todos os outros, que machuca com benefícios.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

É

Vermelho e cansado,
Assim é o pôr do Sol.

Sujo e amarelo,
são as pontas que nos restam.

Hérois reais,
são os bombeiros.

De tudo o amor,
é saudade.

Estar ao lado,
é matar.

Assim bem verde,
são as gramas.

Dos gatos deitados, com preguiça de viver, de perpetuar o ato de existir. Em cima de ovos, os ecos não existem, assim são os gatos, silenciosos e onipresentes. Vivem, não para ser melhor amigo, mas para serem adorados, deuses, independentes.

Humanos preguisoços,
Vermelhos, cansados, baixos.

Grama de pontas amarelas,
Nunca mais plantáveis.

Adeus, vá e fique com minha memória.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Tristeza

De todos os sentimentos que nunca me deixaram, nunca foram embora, por bem e para o bem, você está sempre aqui, ali, adormecido de outra vivaz, todavia sem nunca sair do seu espaço, guardado desde quando dataram meu nascimento, há anos que já me fazem um jovem velho de outrora, porém você, a quem devo os surtos criativos e também a falta destes surtos, pois, como és imprevisível minha querida, nunca sei o que lhe passa para seu surgimento, e como você irá me influenciar, a vida a seu lado no minímo é uma vida de surpresa, muita vez agradável muita vez não.

És completa e totalmente diferente do sofrimento, que não traz benefícios, que é a dor pela dor, sem ensinamento, sem frutos maduros, comestíveis e coloridos, confesso que sua cor as vezes preta as vezes azul, depende do hemisfério, não é sempre a mais bela, entretanto o que traz consigo é sempre o mais esplêndido, as melhores trilhas sonoras e comparativos, pois afinal do exposto advém sempre o que queremos escutar ou o que temos de escutar.

Contigo nasce o melhor de mim, nasce o que realmente aprendi e perdi, uma renascença um modernismo, um pastiche do melhor da aurora da minha vida.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Você

Eu não posso sair porque está chovendo.
Eu não posso mais te amar porque não há mais lágrimas a derramar.

Será que um dia eu conseguirei amar outra pessoa?
Será que um dia eu amarei outra pessoa sem olhar para nossa história?

Eu te amo porque nunca te tive?
Ou o simples fato de nunca ter te tido me faz te amar loucamente?

Posso ser feliz com outra pessoa.
Posso te olhar e não te desejar como aquela que eu mais quero?

Um dia será que eu não mais falarei que largaria todas por você?
Será que minhas pernas deixaram de balançar?

A imagem de nossa vida daqui a 20 anos um dia sumirá?
Nosso casamento, filhos e casa de cerca branca.

Com você eu quero manter a conversa mansa.
A luz difusa da memória à de consumir todo o irreal.

Até restar eu e você, assim, como hoje.
Aí, aqui, quem sabe um dia lá.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Amar-te-ei

Amor. Relacionamentos e sua beleza. Sabe, eu amo relacionamentos e toda sua química e mistério, tudo aquilo que te faz perder o fôlego, sentir as borboletas no estômago. Apesar de achar que os seres vivos vieram ao mundo para sofrer, pois nada tem seu real valor determinado sem dor, acredito que ser feliz é sempre bem vindo.

Amar com sofrimento é algo gostoso. Quem de todos aqueles que em uma fossa amorosa não procurarm as músicas mais tristes, e se internaram no seu quarto escutando a música do ex-casal, lembrando do sorrisos que não mais existem?

Amar é bom, mas sofrer por amor é algo que a meu ver, se não maravilhoso, é essencial para um verdadeiro caso. As lágrimas do amor, as músicas tortuosas, as fotos com sorrisos falsos, cartas envelhecidas embalsamadas em perfumes, hoje, nausenates. Os presentes odiados, todavia nunca jogados fora. Aquela velha caixa em cima do armário, cheio de antigos retratos de uma vida póstuma. Tudo remechido para alfinetar o seu coração e sentir aquela dor que é restrita à quem ama.

A vida tem destas coisas, e sofrer por amor é umas das mais belas. Quem não sofre por amor ainda não está pronto para amar. Pois ao final de todo este sofrimento, dobrando a esquina, com certeza, estará o seu novo amor, e com ele a esperança de nunca mais sofrer, que é a grande energia de amar, nunca mais sofrer por amor, mesmo sabendo que amar é sofrer. Na esperança de ser aquele sofrimento gostoso que é curado no mais simples olhar da pessoa amada.

Ante todas as dores de amor à solidão de nunca amar ninguém e tão pouco ser amado.