terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Banhos e Banquetes

Amarraram os pés dos meus pensamentos no tronco daquela misteriosa árvore. 

Quando acordei com os pés presos, eles já não tinham amarras, e meus pensamentos já haviam subido ao galho mais alto.

Minhas mãos já conheciam o caminho. Dois oceanos em seu rosto, duas montanhas em seu colo, constelações e flores no abdômen até o desaguar no seu ventre.

Decidi então mapear com minhas mãos e agora de olhos fechados sinto seu cheiro e perfeitamente descrevo seu corpo.

Decidi que iria me entorpecer de você. Enebriar até os poros entupirem. Até sentir minhas mãos grossas e meus pés dormentes.

Me afogar em você.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Simplesmente Amor

Eu achei o amor que estava perdido em mim. O amor que não tem subclassificação, foi amor, de verão, de natal, de sonhos. Cada memória, lembrança e cheiro que você deixou, serão em mim marcas da nova pessoa que eu me tornei.

Pela primeira vez em dias pensei em mim. Havia esquecido de mim, do mundo lá fora. Havia perdido o contato com o chão. Deixei de ser individual, rompi com as barreiras do meu eu. Me uni cegamente ao amor, como só os amores que valem a pena conseguem fazer. Deixei de me ver, perdi meu nome e minha carne, e me transformei, naqueles dias, em algo maior que eu.

Quando estive com você tudo o que existia era a necessidade de mais. Dias, beijos, palavras, abraços. Quando estive com você, me senti pleno. Você apaziguou a minha vontade, cessou a dor de existir. Com você escrevi a receita mais simples de amor.

Sonho e como. Sonhos. Queijo. Pão. Mortadela. Morango. Leite. Alpino. Ovomaltine. Bis. Franguinho. Cebola. Bis. Suco. Uva. Coca. Pepsi. Guarana. Pão na chapa. Nescau. Leite fermetado. Supermercado. Padaria. Praia. Posto 9. Copacabana. Colombo. Ciúmes. Beijinhos. Nariz. PUC. Jardim Botânico. Cural. Pizza. Salagados. Lasanha. Bis. Universo. UP. Parallelo. Coberta. Cantinho. Banheiro. Sala. Cozinha. Morro. Armas. Fumo. Seda. Piercing. Desenhos. Corpo. Sabe o que eu quero? Suor. Beijos. Amor. Respeito. Doidices. Conversa. Risadas. Bom Dia. Novela. Sobremesa. Haagen Dazs. Milk Shake. Antiguidade. Bis. Copacabana. Leopoldo Miguez. 40. 307. Rio de Janeiro. Belém. Campinas. Mundo. Vício. Namoro. Um mês. Verdade. Saudade. Filmes. Sofá. Número Um. Sem Picles. Meu. Seu. Nosso.

E agora tudo o que sei é que é na Bahia de todos os santos, que eu pretendo me perder em você novamente.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cantinho

Na primeira noite,
Apenas me deitei.
Mas já na primeira manhã,
Fui e te beijei.

Os amantes cresceram.
E nos dias que seguiram,
Algo vinha de mim,
Para dentro de você.

Sob uma camada xadrez,
Entre sonhos e realidades,
Nos despíamos da pouca sensatez.

E quando em nossos planos,
O mundo gritou verdades,
A saída foi nosso universo paralelo.

domingo, 13 de novembro de 2011

Antes um Beijo (à um Abraço)

Naquele amanhecer, quando nossos dedos se entrelaçaram pela primeira vez, entre grãos de areia e um constante desviar de olhos, eu sequer cogitei te fazer minha mulher, sequer pensei que você ficaria comigo, e mesmo confuso, não esperei nem um beijo. E ainda arrisco dizer que não espero.

Ao te abraçar como uma concha, sentado com você sentada entre pernas, enquanto eu sentia como se meus braços te envolvessem em proteção, dei pra pra pensar que não queria te ter em favor da carne, minha necessidade não era de orgia.

O tempo levou anos, alguns amores e deixou insônia até a cama se tornar uma imensidão, onde a individualidade se misturou aos panos e lençóis que nestes anos abrigaram o meu coração.

Naquela manhã, naquele Sol de um novo dia, eu segurei você em meus braços e percebi que não queria te possuir, queria apenas dividir os momentos com você, fiquei pensando: seria você - pois há méritos em ti - ou seria um efeito retardado da solidão. Eu passei os dias seguintes apenas querendo segurar sua mãos, te laçar nos meus braços, te olhar dormir, ter sua cabeça no meu peito, seu perfume no meu travesseiro, enviar beijos pelo ar e acabar com os olhares furtivos. Desejaria te olhar e compreender antes do primeiro piscar de olhos.

Sentir a minha cama toda ocupada, sentir os dedos dados, a respiração no pescoço. Sentir que o coração de novo pulsa acompanhado. Não sei se você é objeto deste amor, mas foi você que me mostrou o que eu tanto senti falta. Mãos dadas, abraços, um noite de sono em conjunto, acima de tudo dividir os momentos com conversas bobas com risadas sinceras.

Com você eu lembrei que o amor não tem que ser complicado.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Des-sofrer

Virar o rosto, o sono que consome após o ato, a falta de respeito pelo sentimento alheio, o não amor, o grito do fisiológico, a falta de sentimentos, o não ligar, sem falta, sem vontade, sem altos, sem baixos, sem emoções, sem alegria e sem dor. A falta de saudades, não ter saudades, uma solidão assimilada como aquele velho sentimento da solidão da multidão, do soluço escondido, do grito no travesseiro, um grito solitário, calado pela solidão, nem bem nem mal, com o peso e a dor de apenas...viver. 

Ao invés de apenas viver prefiro sofrer por amor...o problema é o amor, necessito de uma decepção, um par de borboletas no estômago, uma distância, uma dúzia de nós na garganta, quem sabe três olhadas ao chão, um pigarro, um suor nas mãos, um rodeio, uma lágrima, um sorriso, um começo e um final. Nada como sofrer por amor.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Acabou de Chover?

Quando se é criança não há nada pior do que um dia chuvoso, não os dias chuvosos onde a chuva cai na rua e os barcos de garrafas de coca cola 2L tomam conta deste oceano, tão pouco a chuva que faz todo mundo querer 'jogar bola' só pelo prazer de poder dar carrinho sem se machucar, ser goleiro e fazer certas acrobacias, essa chuva era inspiradora, tomava-se banho de chuva.

Entretanto existia o dia chuvoso, onde a chuva não caia, não molhava, mas não deixava ninguém sair de casa, um dia feio, sem graça, sem diversão. E não importava, vídeo game, amigos, biscoito passa tempo, pupunha, bonecos, a vida acabava nestes dias, crianças consumidas pelo tédio, arrasadas no sofá do quarto, perturbando a mãe que dava graças a deus não precisar sair de casa.

Lembrei de quando o meu maior problema eram os sábados de pingos lentos, pois hoje eu fiquei em casa.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Cartas

Lembro de um mundo onde o "eu te amo", só vinha após uma série de "eu te adoro". De quando as pessoas se escreviam cartas mensais, com dobraduras especiais, com letras de música para ilustrar cara parágrafo. Lembro eu mesmo de dizer vários eu te adoro, até ter tantos que viraram amor, e já se podia dizer enfim, com medo, com receio....eu te amo. E nas conversas do corredores no colegial corria o assunto, fulano disse que amava ciclana..sério? Ele disse, eu...te...amo?!

Hoje em dia eu não sei se o eu te amo é o mesmo de outrora. Vai, eu também como todo mundo já banalizei algo que nos meus 17 anos era muito sério. Quisera eu que o mundo mesmo estivesse se amando mais, verdadeiramente se declarando, age of love, mas só vim a perceber que aquele romantismo bobo que só nos fazia dizer EU TE AMO, quando fosse realmente isso que o coração gritava, findou.

Amando tanta gente, tantas pessoas, já me confundo sem saber quem eu amo, quem respeito, quem considero, quem é amigo, quem tem o meu amor e quem tem apenas meu carinho. Também não sei se existe diferença entre tudo isto que digo.

Mas caminhando na Nsa. Sra. de Copacabana quando chovia no Rio pensei: nunca mais escrevi carta para ninguém. Subitamente lembrei que todas as cartas que escrevi na vida foram para pessoas que eu realmente amei.

Não escrevi mais cartas, mas continuei amando pessoas. Fazendo dos amores, poemas.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

No pelo, No Zelo, Na Dor e Ardor.

Nos meus olhos você entrou,
Cantou, dançou e como girava.

Até que então, de supetão, encontrou,
Parou, me fitou, quando me beijava parava.

Te confesso que me entreguei aos olhos,
Desisti da luta no escutar da sua voz,
Na escuridão dos olhos fechados,
Quando sua pele deitava-se sob a minha.

Então você decifrou, enfim me contou:
Você não presta. Você é louco.

Como não te amar,
Alguém que me conhece tão bem.
Que não cede a meus arroubos,
Minhas paixões.

Me fez te amar pela falta de razões para dar certo.
Por saber que não somos perfeitos um para o outro.
Mas por imaginar que vai ser incrível este tempo juntos.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Entre Caminhos

Até certo ponto, o fato de você ignorar meus arroubos dionisíacos era ponto crucial da minha atração, minha eterna vontade de fazer-te minha.

Mas te confesso que apesar de todas as vontades, cansou-me chegar nos quartos, nas esquinas e apenas ter como companhia o silêncio de seus passos que talvez nunca chegaram. Como posso ter saudades de algo que nem perdi pois nunca tive?

Troco os beijos pelos ecos. Os sorrisos pelos cigarros. As mãos dadas por um bom travesseiro. Uma conversa por um bom trago. 

De você a única coisa que tenho são meus próprios vícios.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Seis Do Nove (69)

Naquele tarde quente, quando o mal humor já tomava conta dos corpos, o meu peito já desnudo e meu corpo já prostrado se recolhiam e tentavam buscar a melhor posição bem em frente a única passagem de ar da casa. Sabe quando o calor ataca o pescoço, faz  com que o menor dos movimentos provoquem calores em outras áreas, como um lençol curto que não cobre o peito e os pés aos mesmo tempo. Mas ali, deitado no sofá, veio-me a lembrança da última vez que um calor desse atacara minha tarde, foi quando conheci  Flora, filha de uma conhecida da família, fui incumbido, talvez pela quase mesma idade, talvez por acharem que nós daríamos bem, coisa que realmente aconteceu logo de cara. Ao ser apresentados estava de saída para encontrar uns amigos e a chamei, que por sua vez aceitou de prontidão. Fomos pegar meu carro  e quando entramos logo de cara ela tirou um baseado de maconha já apertado da bolsa, o  que já e fez abrir um sorriso, uma mulher que fuma tem o seu valor creditado por mim, ainda mais quem fuma e ainda coloca o fumo.

Dando um balão pela cidade, a conversa fluía, nós dois já em uma irreverência cannabica o assunto não acabava: música, arte, drogas, festas, lógico que tudo parecia muito boêmio, mas esta foi a paixão que descobrimos em comum, a falta de amor pela sobriedade chata. Claro que nesta tarde calorenta de Belém,  tudo se sucedeu muito bem, encontrei meus amigos, apresentei a Flora a todos eles, que logicamente fez muito sucesso, mas nada disso tem muita importância nesta tarde de calor infernal. Evidente que estas linhas são apenas relatos diminutos de uma longa bebedeira e muita fumaça entre caretas e estupefaciantes, dança, risadas, merdas, conversas sobre sexo, sacanagem, cu,  pau, buceta e tudo que se preze em uma bebedeira entre amigos íntimos.

Claro e evidente que durante esta boemia, mãos aos joelhos, sorrisos e olhares furtivos, por debaixo da mesa as mãos se davam, largavam, avançavam por entre suas duas pernas, mas não como safadeza, e sim como indicação do que realmente era o que ambos queriam, uma confirmação, colocava as mãos no limiar entre abuso e provocação, apenas  para receber aquele olhar do 'aqui não'. E então foi o que fiz, saí do aqui, decidi voltar para casa, ela perfeitamente entendeu, voltamos ao carro, antes de qualquer coisa nos agarramos sem dizer. Beijava violentamente meu lábio inferior, puxava, mordia, me enchia cada vez mais de tesão, sabia que ali meu pau já estava rachando por ela, quando finalmente invadi com minhas mãos o meio de suas pernas, percebi, por meus dedos molhados, que o tesão era mútuo.

Não perdi tempo. Me portei como homem, primeiro o prazer dela, o que na verdade no meu caso é mais da metade do meu prazer, nada melhor que ver um mulher gemendo, com as pernas bambas, arranhando minhas costas de prazer, sei o quanto para certas mulheres gozar é difícil por isso ali mesmo no carro já massageava seu clitóris, não com força, mas o suficiente para desabar no banco, naquela fase do não querendo dizer continua, mas quando escutamos um barulhos no estacionamento realmente paramos, decidimos que não tínhamos porque fazer aquilo ali, então preparamos mais um baseado e voltamos dando um balão, para minha casa.

Eu amo meu sofá na verdade. Grande destes sofá chase, o que faz dele uma enorme cama. Desta vez, mais bêbados e mais chapados, chegamos com tudo, como diria a canção, entrelaçando paletó e vestido, aquele desespero por saciação. Quase que no elevador já dávamos uma rapidinha, mas a câmera não tinha ponto cego. Mas voltando ao sofá. Já os dois completamente desnudos o calor carnal e meteorológico tomaram conta de nossos corpos, beijava seu pescoço, acariciava seus seios, naquele estado iria dedicar-me a estas preliminares como nunca, e para este relato não parecer um livro de educação sexual, iremos diretos aos fatos.

Enquanto beijava sua boca,  massageava seu clitóris alternando com leves penetrações usando os dedos, neste ponto ela já estava toda molhada, gemendo baixinho, mordendo os dedos, seu corpo já pedia a entrada do meu sexo no seu, mas ainda tinha muito o que acontecer. Desci lambendo seu colo, seu tórax, barriga, e enfim parei entre suas pernas, lambendo suas coxas, enquanto arranhava sua barriga, quadril, lambia sua vagina, por fora, beijava a parte externa, invadia sua xana com minha língua dura, entumecida, mordia seu clitória, chupava entre os dentes, neste momento ela já se contorcia sem controle, apertava minha cabeça com suas coxas, tentava me tiposição já canavarar de lá em um impulso de prazer torturante, mas eu, mais forte, segurava seu corpo com minhas mãos e continuava, lambia, metia o dedo, chupava, mordia, tudo junto ao mesmo tempo em alternância fez ela gozar em um urro, esticar suas pernas, senti seu corpo desabar, e ela pediu por favor para não continuar.

Sorrindo para ela, com aquele ar de quem conseguiu o que queria, ela me chamava de safado, e dizia que agora era minha vez, me empurrou de maneira que fiquei com as costas no sofá e com o pau duro à sua disposição, meu beijou carinhosamente e já se dirigiu a ele, me chupou com poucas me chuparam, poucas mesmo, pois tenho na memória dentre tantas, apenas três que me fizeram gozar com um boquete. Mas mesmo sem me fazer gozar, afinal cerveja e maconha dificultam as coisas um pouco para os homens, que boquete. Chupava meu pau, minhas bolas, batia uma punheta, engolia tudo, como se fosse se engasgar, depois de minutos de loucura orgásmica, ela subiu em mim, não ajoelhado no sofá, mas de cócoras, de maneira que quando colocou meu pau dentro dela, ela conseguiu um ritmo alucinante, cavalgava no meu pau, pedia para falar sacanagem, chamava ela de puta, ela me batia, eu pedia mais forte na cara, ela prontamente obedecia.

Quando a posição já cansava a ela, que fazia todo esforço, ela pediu para comê-la de quatro, posição que confesso é meu ponto fraco, não sei o porque, mas é um fato comprovado na minha vida. Devorei, comi com gosto, puxava seu cabelo por trás, mordia sua nuca, enquanto sussurrava verdadeiras obscenidades, neste ponto o calor já tomava meu corpo, o suor escorria meu peito, minhas costas, o sexo se tornava sujo, mas entende-se sujo pois aquilo já deixava de ser sexo, amor, era uma verdadeira foda. Quando finalmente gozei, após algumas horas de sexo, desabei sobre suas costas, cai ali mesmo, nem conseguia tirar meu pau de dentro dela. Nunca mais a vi. Nunca mais sua família apareceu, parece que se mudaram para o estrangeiro, mas não sei, mas também não preciso.

Naquele tarde quente, quando o mal humor já não tomava conta dos corpos, o meu peito já desnudo e meu corpo já prostrado, lembrei-me daquela morena, que comi de quatro e que me faz lembrara dela em todas as minhas tardes quentes.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ceguei-me

Há certas memórias que são reavivadas no primeiro sorriso do dia, quando os sons redondos se juntam aos corações disformes. 

Naquele dia eu não evitei o olhar para lhe evitar, mas por não saber como te olhar. Mulher, menina, corpo, mente, carne...apenas você, deveria te pensando em você, pela primeira imagem que veio quando meus olhos fecharam naquele primeiro beijo. Musa.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Mergulho

Apesar das saudades que tenho das pessoas que ainda nem conheço, 
Tenho o coração aberto às saudades, esta ausência assimilada.

Sequer te beijei, mas já quero que dure. 
Ainda nem sei como vai ser, mas já quero repetir.

Mesmo sem nadar, de braços atados, quero me jogar neste oceano.
Mesmo sem entender eu caminho pra frente.

A saudade é como uma coceira na sola do pé, faz rir, dá uma agonia, um nervoso, mas o prazer está na tentativa ambígua de apaziguar este anseio.

sábado, 20 de agosto de 2011

Libélula

Quando teus olhos aqui chegaram,
Me perscrutara a possibilidade,
De evitar a dor antes que o mate.

Acreditar que a distância salva,
Que a solidão tem alma,
E que antes deste beijo, nunca te amaram.

No primeiro dia eu já me enchi de borboletas,
Nestes oceanos não pacíficos de seus olhos.

No instante seguinte já colecionava arrepios.

Nosso amor tinha gosto de café,
Tinha Vinicius de padrinho,
George na trilha falando bem baixinho,
Tal igual Gilberto.

Nosso amor não era nominal,
Era amor nosso, nem meu nem dela.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Somente

Queria comer nuvens, com gostosos granulados indianos. Apertar aquele. Mas como roupas, por ora, a paixão fica no cabideiro, sexo daqui pra cá e para lá, paixão e sentimentalismos anacrônicos.

Quero morder teu joelho e te fazer rir até chorar. Desbravar o relevo do teu corpo com minhas mãos bandeirantes.

Pretendo lhe deixar ir. Ser livre, escolher, e confesso que torço para não ser eu a sua escolha. Preciso caminhar só, com variantes companhias, de certo apenas, para não me sobrar esquizonfrenia. 

Mas eu já respondi. O medo de amar é quem faz entrar no silêncio....

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

E Pra Quê?

No auge de nossa felicidade nos gostávamos de ovos mexidos, um pouco do pimenta, ver novela, roxo, escutar rock e beber cerveja. Ai um dia o meu céu ficou azul e o dela verde, eu queria MPB e ela pop, ela escutava singles, eu só álbuns, aprendi a beber uísque e ela só queria prosecco.

Lembro que dormir de conchinha era sonho, e na realidade era calorenta e cheia de cabelos na boca, os anjos tinha sexos, as cercas não eram mais brancas, os filhos já não eram nem sonhos distantes, a coca era zero, o big mac vinha sem picles, os botequins eram imundos, os amigos uns pervertidos

O amigo vira colega, o companheiro torce para ser estranho.

E no final o amor vira educação.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Resonar

Te chamaria de graúna, pelos olhos e cabelos negros, te puxaria, nos abraços, nos calos. Te pegaria assim, miúda, entre minhas mãos, tiraria o anel, desmancharia sua trança, beijaria teus olhos.

Deixaria sua toalha molhada na minha cama, esqueceria do controle remoto, te deixaria escolher nossa canção. Acreditaria, fiquei calado, beijarei.

Aceite-me nos sonhos que a realidade já me cansou.

sábado, 6 de agosto de 2011

Repeteco

Naquela noite quando entrei na sala
Eu sabia que dali iria encontrar você,
Dançando, rodando aquela mesma saia,
Que sempre me fez saber o porque.

Nos sonos sem sonhos, nos jantares fatigados eu encontrei você, em outro rosto, em outro nome, cabelo, olhos, boca, jeito, mas de alguma maneira naquela noite eu encontrei você.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Carolina

Nesta beleza real dos olhos,
Cobertura de chocolate,
Doce de leite no sorriso,
Assim desejaria um pedaço.
Não da alma, não da sua vida,
Mas do seu amor.

Não a vida toda,
Muito tempo para ser doce.
Preciso sentir, viver, amar e partir.

Com você tenho medo de ficar,
Meu doce amargar,
A Lua virar, alegria girar.
Só você me ilumina,
Minha amada, Carolina.

terça-feira, 19 de julho de 2011

E agora?

Medo antes do dedo. Naqueles dias secos, daquela masturbação mental que grita "proibido". A carne não fala mais alto que a cabeça, mas ferve na pele mais quente que a razão, e daí que o prazer é promíscuo? Afinal todo mundo só busca a felicidade, mesmo que às custas da fidelidade, o que é de se pensar, devemos ser fiéis a nossos companheiros ou ser fiéis a nós mesmos, nossos desejos e anseios por momentos de felicidade? Não sei. Não tenho nem vislumbre de resposta, mas em ambos os casos, eu prefiro ser feliz.

domingo, 17 de julho de 2011

Credo

Naquele sofá eu senti pela primeira vez. Aquela bendita coceira que pra sempre seria familiar. Aquela dor do autoflagelo que leva a ambiguidade do ser humano, do existir ao máximo, porque a dor me toma por completo? me dá um gozo de prazer nas maiores das noites de lamentações, quando o coração nem sangra, ela só entra numa constância tão absurdamente chata, monótona, real, que nem a ebriedade ajuda, o real pesa em um preto e branco. Essa coceira. Que é um coçar na sola do pés, torturante. Prazer, me chamo sofrer. Astor. Pastor. Amor. Dor.Sim, senhor. Por favor, não me venha com bobagens. Naquele sofá, no sugo da minha posição, no calor de assento, na frieza dos sentimentos descobri que coçar não é caminho. Nem sofrer na agonia, descobri que a coceira não existe em si. Se você não acreditar na coceira ela deixará de ser? Acho que no fundo o amor não é questão de veracidade, tão pouco de sentir, mas sim de acreditar. O amor é a coceira dual, tem-se, sofre, goza-se, mas acredita-se? 

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sylvia Pt.1

Naquela manhã ela acordou mais cedo pois era a primeira segunda feira do mês, e isso quer dizer que NAQUELA manhã os seus dois principais distribuidores de filmes iriam passar em instantes na 420filmes, o que fez Sylvia ignorar a ressaca que o domingo ainda lhe rendia, encarando a manhã com uma belo copo de coca-cola com muito gelo. A 420filmes era a sua locadora, seu ganha pão, começou como um brincadeira, com uma paixão por filmes com enredos beatnicks, juventudes transviadas e temáticas relativas. Seu desejo era apenas divulgar o seu gosto, que ela achava sem modéstia alguma, muito bom, e achava que o mundo ou pelo menos o Rio de Janeiro deveria também desfrutar destes excelentes filmes. Uma pequena sala comercial no térreo de um edifício no bairro de Copacabana abrigava a pequena locadora, Sylvia morava a algumas quadras dali, o que ajudava a acordar "mais cedo". A sala retangular tinha em suas paredes estantes que rodeavam todas as paredes, exceto a do fundo, com todas as suas prateleiras entupidas de com diversos filmes, ao fundo ficava o balcão onde Sylvia atendia seus cliente, atrás de balcão uma porta que imagina-se ser um banheiro ou estoque, mas na verdade nunca ninguém entrou ali, a não ser a dona do estabelecimento. Pode-se dizer que o acervo da 420filmes era diferenciado pois possuía cerca de 50% de títulos em VHS, o que fazia da 420filmes um lugar muito procurado por pessoas que desejam filmes raros, cults, excêntricos, e devido a esta demanda de filmes exóticos, a 420 ficou conhecida por ter um público um tanto, como dito, diferenciado, o que no futuro viria gerar para Sylvia e sua locadora, certa fama pela qualidade dos serviços prestados, mas isso mais adiante será melhor abordado. Voltemos àquela manhã de segunda feira.

Sylvia chegou na 420filmes antes do combinado com os distribuidores, mas logo ficou sabendo que era desnecessário, pois em 15 minutos dentro da locadora, o telefone tocou informando que os dois iriam se atrasar, o que apesar da raiva por ter perdido alguns minutos de sono, ela iria aproveitar para dar uma geral na locadora e na sua cara, que ainda tinha marcas de uma noite mal dormida, e Sylvia não podia abusar, porque apesar de ser grande entendedora de cinema cult e B, ser inteligente, discutia sobre politica, sexo dos anjos e até canto das baleias, existia uma lacuna em seus atributo físicos, Sylvia era a mulher mais feia do mundo, não era uma feiura normal, não existia deformação, segundo a definição de Jorge, que apesar de ser sinceramente, e ela sabia disso, seu melhor amigo, ele também era o maior algoz de sua auto estima, Jorge dizia em momentos descontraídos que o arquiteto que fez a forma de Sylvia não teve aulas de proporção, perspectiva e ainda arrisca dizer que era míope. Claro que Sylvia não levava Jorge a sério, ou pelo menos já não demonstrava resistência, pois sabia que ser a mulher mais feia do mundo, a ajudaria a alcançar o sucesso frente a sua locadora.

domingo, 29 de maio de 2011

(A)final

Depois daquela discussão sobre certo, errado, o fim, foi esquecido que o motivo destas dores foi o durante; quando as decisões eram tomadas, você fazia o que queria, teve prazer à flor da pele, tanto que seus gemidos ainda ecoam no meu travesseiro e fazem a hora de dormir terrivelmente atribulada, quando fecho os olhos, a visão cede espaço, tão monopolizado, aos outros sentidos que invadem minha memória, com cheiros, palavras e sabores, fortes, amargos e brutalmente reais. A carne ferve quando o sangue sobe, as mãos se perdem no desejo que consome o corpo, as pernas tremem, a boca saliva, quero estar em você.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Marola

Talvez estar aqui com você,
Seja como entrar na TV.
Se jogar do décimo andar,
E pensar o quanto quero amar.

Através do linho venho cantar,
E da seda me deitar.
Andando na ponte dos sonhos,
Onde o oceano és tu.

Abro os braços e vôo,
Corro para marcar um gol.
Sinto que és inefável, 
E quem sabe instável. 

Através de marolas,
Vou tentar derrubar seu cais suavemente

sábado, 30 de abril de 2011

Ad Eternum

O seu perfume é o único ato falho da minha memória seletiva, faz você vir a tona quando já está decidido que eu não quero saber do tempo, não quero decidir o motivo, quero ficar preso no espaço paralelo, no limbo entre o prospectar e a vida real. Quero entender o hoje como o único momento, pois se já é tão complicado meramente existir, que dirá existir e pensar no por vir. Queria que os amores fossem iguais, vamos tentar apenas ser felizes, o que já não é tarefa besta; queria que as noites fossem oníricas, que os corpos fossem nuvens ao invés de chumbo, queria não pensar no cigarro para evitar o carinho, queria ter sono à ter a obrigação de dormir. 

Enquanto a valsa segue é olho no olho.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Completo Quase

Não há amor que o passado não cicatrize e o presente não cure. Ao futuro cabe ser forte. Ao amante cabe acreditar que você tem o que ele precisa, ao amado não saber o que. A tristeza tenta apaziguar-se, mas burro, o coração queima o pavio sempre tentando alcançar o presente que existe no mínimo instante em que é pensado e já é passado, como os tragos que pulsam nervosos e os copos que escorrem.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Trajeto

Acordei daquela sesta vespertina com o familiar sentimento que algo no meu peito entrava em desritmia. Os suores do entardecer corriam minha testa, lateralmente meu rosto chegando ao pescoço, a lombar já se mesclava ao lençol. Os olhos neste momento já perscrutavam o teto em busca de uma resposta que eles não seriam capaz de encontrar, mas o coração calado necessita de resposta. Um copo d'água, uma dose de lembranças doces e um passado, como posso dizer, meio amargo inacabado, ao menos em meu peito. Trocando de roupa lembro o quanto ela é o que eu sempre quis, o estilo, as cores, os risos e música em sua pele. Vou até a sala lembrar das conversas, das bobagens, daquilo que faziam os momentos eternos. Peguei o carro confundindo o caminho, errando os sinais, as músicas no rádio faziam minha atenção ir de encontro à Lua, a única certeza que eu tinha no meu coração; enquanto ela sorrisse no céu eu ainda sonharia astronauta, enquanto eu não chegasse ao Sol, eu seria seu, sempre Lua, a mais bela.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Fotografia

Você é o não que eu não saberia lidar.
Você foi a dona das minhas últimas borboletas,
Quando todo o resto eram esquinas e ar.

O jasmin já perdeu a sua essência.
Queria te ver sem ajuda de lunetas,
Pois o amor já está sem paciência.

Com você eu não brinco de amar,
Que sejamos um dia um só,
Ou se sequer ouso te olhar.

Que a dor te faça curar,
Que o peito desate o nó,
Que assim eu volte a amar.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Enclave

Você é a fotografia que não consigo rever. Ainda dói daquele mesmo amor. Sequer falar alto seu nome. Escondo as lembranças das memória. Faço de você uma estranha. Sinto medo do que receio não ter morrido.  Apaguei a lua do meu céu, tirei o verão do calendário, mas não consigo fazer a tristeza não me lembrar você. A tristeza só me lembra você, e triste ela existe aí e eu aqui.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Babador

Foi isso que eu planejara,
Que um dia íamos estar juntos,
Ficaríamos assim, quietos e mudos,
Com nada a ter que se esperar.

De repente triste, você ficou,
Deixou que então o amor,
Ficasse ali, quieto e mudo,
Perdido não mais no meu mundo.

Contudo as horas se passaram,
E tudo ainda ficou mais frio,
Os que se amaram, amargaram.

Ainda bem que isso foi tudo,
Até o mais belo elogio,
Ficou ali, quieto e mudo.

domingo, 10 de abril de 2011

Esplêndida

O que fazer com os pés se não andar?
Aos olhos cabe ver, ouvidos escutar.
Ao meu coração, se destina o amor,
O seu, o próximo, o impossível.

Se disser que não é você,
Parcialmente, minto,
E não sobre o que sinto,
Mas é o que não se vê.

Apesar da luz dos seus olhos,
Do calor das suas mãos,
Da atenção dos seus ouvidos.

Eu passo os amores aflitos,
Ainda tenho todos os perdões,
Sei que se doer vai passar.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A Dor e o Amor

Sei. Entendo que enquanto te feria, fazia da tua vida um inferno, eu dava cada vez mais um passo em direção à minha própria solidão, mas agora eu já não posso desfazer as dores, reconstruir as lágrimas e simplesmente corrigir tudo com um "eu te amo". Hoje entendo o porque de você não querer brigar e eu insistir, de todas as incontáveis situações em que você pedia por desculpas, mesmo sabendo que não tinha culpa e eu sabendo que não estava certo. A minha teimosia venceu mais uma vez, chegamos ao fim. E acho que pela primeira vez sem mentir eu te digo eu te amo, contudo, não quero curar nenhuma dor, consertar um erro meu, esconder alguma traição das tantas que cometi. Não fique brava, lembro que o prometido foi que nunca mais eu iria procurar-te, que agora eu deixaria você ser feliz e não agonizar sufocada sem poder ser você mesma, mas vou deixar bem claro que não estou vindo me redimir, pedir desculpas para apaziguar meu sofrimento hoje, porque seria descabido de minha parte pedir algo ao qual subjuguei você. Eu não te conheci, eu não me permiti te conhecer, saber do que você gostava, do que odiava, não lhe dei amor, atenção, carinho, até chego a duvidar que tenha lhe dado prazer devido ao egoísmo que me corrompia, mas agora entendo que fui um asno, você se foi, não mereço mais ter-te, e espero que nem voltemos um dia sequer a nos esbarrar nas ruas, porque eu teria vergonha da vida medíocre que eu mesmo me proporcionei. Sei que já se fazem quarenta anos desde a última briga e o fim, mas agora quando já sinto o sopro da vida um tanto tuberculoso, mais para uma brisa, decidi escrever-te, para dizer que na minha solidão, torci pela sua felicidade e de sua linda família todos os dias desde que nos separamos. Após estas décadas, esta carta é, desde minha tenra idade, a maior sinceridade que já falei. E espero que você seja cada vez mais feliz, porque eu vou partir, e não haverá reencontro após outras quarenta décadas.
C.S

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Fumaça

Tudo aquilo que sonhou,
Nunca teve, é fato,
Apesar do caminho ingrato,
Sabia que de verdade amou.

Apesar do que ela frisou,
Meus olhos a invadiam,
Minhas mãos se perdiam,
No reflexo que se deparou.

Arrancaria o pudor,
Da sua boca, do seu ventre,
Do seu grito no silêncio.

Mostraria o amor,
Percorreria suavemente,
As linhas do prazer intenso.

sábado, 2 de abril de 2011

Dúvida

Caminhar ereto, seguro,
Passos fortes e firmes,
A razão subjugando a emoção.

Todos os sentidos embriagados,
Seu perfume, seu toque, seu corpo,
As suas mãos no meu peito.

Seu beijo que me invade,
Toma conta do meu ser,
Faz acreditar na metade,
Que ainda quer viver.

Porque apesar de toda mente,
Toda razão,
Acertar sem querer ,
Nunca será como errar com a certeza do coração.

domingo, 27 de março de 2011

Sentido

Hoje eu não tenho mais Norte.
A bússola, aquela herança familiar, não mais aponta.

Os pólos já se confundem no meu peito.
Os sonhos ao Norte. A razão ao Sul.

Hoje...eu não tenho mais Norte.

sexta-feira, 25 de março de 2011

(Sem Título)

Eu gostaria de poder mostrar
O que eu sinto por você
Há cada momento ao seu lado

Mas não haveria como mostrar
Como você é especial
Tão linda quanto a lua

A noite chegou e eu fico aqui
Sonhando acordado
Com o seu olhar
Seus beijos e seus abraços
Fazendo eu querer retribuir
Todo o bem que você me faz sentir

A cada minuto que passo com você
Me faz sentir feliz
Por um dia inteiro

Tudo que eu sempre quis foram respostas
E eu as encontrei em você no seu olhar até que...

domingo, 13 de março de 2011

Mais Um Andar

Nesta tarde eu queria,
Te dizer, eu te amo.
Mas você só me disse,
Que engano.

Passos calculados,
Pisando em falso.
Não conseguindo
Desviar o olhar.

As vezes duvido da felicidade,
Medo de algo que sinto,
E que não me parece ensolarado.

Sinto receio em tentar,
Sem coragem, minto.
Será que está tudo acabado?

quarta-feira, 2 de março de 2011

Aritmética

As constantes e variáveis,
Que fazem deste raciocínio
Tão lógico quanto o amor.

São as razões que fazem,
Eu estar todo os dias,
Ao seu lado nas constantes surpresas.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Enluará

Por mais que você diga jamais,
Eu sempre torço por um talvez,
Na eterna esperança do será, 
Para que se conclua o nós.

Apesar de tanto lutar,
De tanto perder,
Eu sei que se decidir por isso,
Eu vou aceitar e ser feliz.

O amor, este sim é burro.
Mas ainda prefiro a ignorância,
A viver uma grande solidão.

O amor, este sim é burro.
Ainda acredita no talvez,
Mesmo sabendo que é jamais.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Aquele Tempo

O nosso destino às vezes está no caminho que tentamos evitar.
Nossas convicções apontam nossas fraquezas.


Entender que indivíduos são indivisíveis,
Que o amor não é alvará para propriedade alheia.


Querer o outro bem e querer o bem para si próprio.
A possessividade não é sinal de consideração.


Que a dor é necessária para o amor.


Sofrer por amor, em alguns casos, é melhor que amar.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Vinhedo

Em silencioso segredo eu já te quero,
Já faço os planos que me levarão a ti,
Já amo aquela que nunca vi,
Embora todo meu amor se faça sincero.

Já acordo pensando em você,
Fazendo do sono a maior das frustrações,
Deste amor uma longa construção,
E sem ter idéia de um porquê.

Faço da imaginação o único porto seguro desta paixão.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O Sorriso

O impossível é quando eles me cegam, fazem deles a origem dos meus, ao ressoar da luz intermitente, faz eco no meu peito, rasga córnea, retina, faz tão cristalino que me dói existir.

O problema é quando eu não consigo mais desviar, em linha reta, em rota sem saída, a colisão é um suspiro, profundo, suave, um grito alto no vácuo, existe, mas por ser tão forte, a dor é impossível de ser contida, pois ela não tem uma origem, ela apenas é. 

O Amor é a maior doença crônica. Nasceu comigo e vai morrer ao meu lado, nunca irei curar minha ânsia por amar, o controle são os amores vividos, as crises agudas me levam a frieza, como qualquer doença crônica, me faz aprender a viver a cada dia.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Ardor

Quando os hematomas já estavam amarelados,
A dor que ali se iniciou jazia no passado.
E assim como ela se foi, constato,
Você, não mais pertence a estes abraços.

Olhos negramente espelhados,
Os pés tropeçam nos calcanhares alheios,
As mãos envelvetadas, cegas tateiam,
O corpo que não mais reivindica posse.

Repulsivamente fecho a boca quando beijo,
Solto os dedos quando caminho.

Hoje não é mais como ontem.
Eu ainda tentei dizer...o amor, este sim já acabou.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

(A) Tormenta

Já fazem 6 dias desde a última vez que sofri por você, e agora de repente nesta tarde quente, eu sinto aquela velha e familiar pontada no peito e na parte frontal do crânio, não dói, mas fica longe de ser imperceptível, tira minha atenção do que fazia, e decido escrever-te mais uma vez, agora não por grito de liberdade, mas por necessitar botar pra fora toda essa agonia que mais uma vez me assola, sinto-me sozinho, como o palhaço que chora atrás da lona, por nunca conseguir ter a felicidade de verdade como os que sorriem para ele, mas no final das contas você também nunca receberá estas palavras, desta vez guardarei elas no vento, logo abaixo do esquecimento, junto com as palavras não ditas, as atitudes prometidas e nunca cumpridas, e caso um dia nós nos reencontrarmos, torcerei pelo furação de novos e familiares ventos.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tudo (de) Novo

Lembro-me que naquela noite em três momentos fui ao banheiro para ensaiar meu discurso de coração aberto, quando ali colocava mais uma vez a intuição, o sentir à frente da razão que nada mais é que a responsabilidade emocional, a consciência de que nem todas as viagens devem ser feitas; MAS QUE SE EXPLODAM OS IMPULSOS DA RAZÃO!, hoje quem há de viver e reinar é a emoção, logo me dirigijo ao momento crucial de entrar em cena, quando todas as palavras pareciam penas, e o medo da rejeição, medo único sobre aqueles que vivem o signo da paixão já se fora dos meus olhos, e sob minha língua se desfazia a pílula da coragem e do amor da perfeição, todavia como se nada fosse combinado, como se o destino não conspirasse pra lá, para ali e para cá, jogando areia nos seus olhos e logo no meu peito, ele surge, Morpheus te leva para o único lugar que eu não posso te acompanhar neste momento de puro êxtase que vivo agora, quando o reino dos sonhos hoje não me permitira entrar sem convite, as costas são as únicas coisas que posso deixar-te e a certeza que esta noite eu enfim poderia dizer...Você a única razão que ainda me faz ter vontade de sair de casa para ver o dia, a expectativa de te ver faz meu coração sedentário virar atleta, por mim eu parava hoje e fazia deste hoje o amanhã de depois e depois.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Tudo

O relógio ainda anda e tica,
Avisa a saudade quantas horas
Para que eu diga a dor: fica!
E que sejam apenas mais histórias.

Você tem que ser humano,
Errar aqui, ali, sujar o gabarito,
Também pensar como um carcamano,
Fazer do amor um momento aflito.

O pavio do tempo queima o presente,
Restando as cinzas varridas pelo passado,
E a suposta virgindade do futuro.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

De Dentro

Faz parte fazer arte.
Da tristeza um bom samba de amor.
Do grande vácuo,
O movimento sinfônico do silêncio.

A folha virgem,
Branca, alva e muda.
A caneta canalha,
Marca, fura e arranha.

Jaz a tela branca,
A cada golpe roxo do vermelho.
Com os beijos suavemente amarelos,
Jaz a tela branca preta de luto.

E na caixa de ressonância torácica,
O poeta molda o coração com argila.