terça-feira, 29 de abril de 2008

Prefácios De Um Epílogo - Pt. 2- Vida

As janelas do meu trabalho. Que belas janelas elas são. Quatro janelas, cada uma com uma visão diferente. A minha favorita é a que fica bem na minha frente, que me dá o prazer de olhar o Theatro da Paz. Janelas que me fazem passar o dia e olhar como ele vai ser, me sinto responsável por verificar o tempo. Sempre cobertas por persianas, que as vezes se abrem, as vezes se fecham. Ser uma janela é viver neste impasse. Fecham-se as cortinas, as persianas, os blecautes. Janelas não são filtros, trespassam tudo o que estiver de um lado ou de outro. São transparentes, como deveriam ser muitos de nós. São transparentes, quase invisíveis, como nunca deveriam ser algumas pessoas.

O olhar pela janela não é qualquer olhar. É aquele olhar sem expectativas, é a busca por algo que nem sabes o que é. Não esperar nada, mas buscar tudo. Ah que belas janelas. Melhores só sendo largas, panorâmicas. Solitárias. Frágeis. Assim se define nossa amigas de vidro. Elas não se misturam, não se unem na prática. Mas quatro janelas não seriam o que são se fossem muito distantes.

Vejo nuvens e mangas. Escuras e verdes. Pessoas e bares. Andando e do parque. Se janelas posso ver, será que se acostumariam em nada ver as janelas, se estas tivessem visão? Não somos transparentes, mas talvez invisíveis a certos olhos. Seriam estes se olhos as janelas tivessem?

Assim vai meu dia. Olhos na janela, esperando que um dia ela me mostre algo mais que o Theatro da Paz, nuvens escuras e mangas verdes.

Um comentário:

Lucas Borsoi disse...

Muito bom saco e sacola amigo!
hehehe adorei mesmo!!

Só não podemos querer ver demais através das janelas, se sim, um dia podemos cair delas.

Abraços []´sss