segunda-feira, 23 de março de 2009

Você

Eu não posso sair porque está chovendo.
Eu não posso mais te amar porque não há mais lágrimas a derramar.

Será que um dia eu conseguirei amar outra pessoa?
Será que um dia eu amarei outra pessoa sem olhar para nossa história?

Eu te amo porque nunca te tive?
Ou o simples fato de nunca ter te tido me faz te amar loucamente?

Posso ser feliz com outra pessoa.
Posso te olhar e não te desejar como aquela que eu mais quero?

Um dia será que eu não mais falarei que largaria todas por você?
Será que minhas pernas deixaram de balançar?

A imagem de nossa vida daqui a 20 anos um dia sumirá?
Nosso casamento, filhos e casa de cerca branca.

Com você eu quero manter a conversa mansa.
A luz difusa da memória à de consumir todo o irreal.

Até restar eu e você, assim, como hoje.
Aí, aqui, quem sabe um dia lá.

2 comentários:

Pherun disse...

"Eu te amo porque nunca te tive? Ou o simples fato de nunca ter te tido me faz te amar loucamente?"

Achei interessante este trecho. Mas não concordo com seu teor. Penso que nunca TEMOS alguém de fato, e sim que, ESTAMOS. Não temos alguém porque a relação que se constrói não é de posse. Quer dizer, penso que o amor não deva ser movido pelo deter: eu te tenho; tu me tens...

Esse tema é explorado pela autora Marina Colassanti num interessante texto. O ver alguém como SEU numa relação caracteriza existir um nexo de complementariedade, isto é, a felicidade de quem enxerga a relação de amor sob essa perspectiva, pensa que só será feliz se estiver com AQUELA pessoa.

Dessa forma, conclui a autora, a felicidade nunca vem de dentro pra fora, mas de fora pra dentro. O que é perigoso, pois a felicidade é um sentimento de construção pessoal, que não pode (nem deve) depender de alguém para que exista. O amor, pensa Marina, deve ser suplementar. Uma frase que define essa definição de amor suplementar: “eu gosto, eu te amo muito, mas nem sempre estar contigo será o melhor pra mim. Nessas horas é melhor eu dar um basta em tudo e caminhar outros caminhos”.

Encontro alguma relação dessa idéia da Marina Colassanti com o famoso trecho do “Soneto da Fidelidade” de Vinícius de Moraes.
“(...) que não seja imortal, posto que é chama/
mas que seja infinito enquanto dure”
O amor, portanto, deve ser infinito enquanto se constrói eterno, mas nunca deve ser eternizado porque juramos se-lo infinito.

Pherun disse...

"define essa definição foi ótimo"! =)

bjos, coleguinha de curso e de faculdade! =D

(gostei do teu blog; virei aqui outras vezes)