domingo, 2 de agosto de 2009

O Tempo

Na malha aveludada que se fazia céu, não havia mais espaço para pontuar estrelas. Já na imensidão azul celeste, não houve chance para nuvens.

Encontrava-me ali, sentando no mesmo rio, na mesma areia que tantos dias me abrigaram, com os mesmo pensamentos que me consumiram durante este período, deixando-me a certo ponto triste em outro em alegres, onde pode-se dizer que o rio, o céu, a falta dos amigos de copo e de cruz, o mistérios daqueles belos desconhecidos que também dividiam o rio comigo, fizeram minha cabeça pensar de maneira saudável, diga-se de passagem, um período saudável na minha vida, onde na verdade o único medo que esporadicamente vinha a mente eram as ditas arraias que nunca foram vistas, diferente das belezas mundiais que pude presenciar, onde as pessoas mais belas do mundo, tanto homens quanto mulheres, se reuniam ao redor de um ideal: a bondade e a força em acreditar que o mundo ainda tem jeito; diversas vezes na minha vida pensei que não adianta fazer nada pois ninguém faz, o que se mostrou demasiadamente errado por minha parte, pois existe ainda muitas pessoas boas no mundo que realmente se importam, que estão fazendo algo para sua melhoria, grandes seres humanos que abandonaram uma vida de luxo, vida confortável, para viajar o mundo e passar alguma mensagem.

Você tinha tanta chama que eu mal conseguia me aproximar. As duas margens se fechavam em uma solitária prazeirosa.

Nos anos que se sabem, desde que este grande encontro começou a acontecer, não se sabia de um dia de chuva neste abençoado lugar, entretanto sinto-me um felizardo por ter presenciado uma das maiores cenas de energia positiva explodindo em toda minha vida, quisera eu que minha memória deste dia nunca se perca durante os anos, mas enquanto isso eu lembro-me de cada detalhe e até posso sentir o arrepio que senti na hora, e só de contar novamente a história da grande abertura, onde todos estavam em transe, um transe não comum, onde a única coisa que distraiu os adeptos foram os primeiros pingos de chuva, o que na verdade fez todos sairem de seu estado e começassem a se olhar sem entender, escutava-se ao redor "mas nunca choveu aqui", "o que está acontecendo?", mas nenhum pergunta era respondida e os pingos continuavam a cair, o público decide então abstrair os pingos e voltar ao transe inicial, entretanto a cada momento mais pessoas entravam em transe, mais a energia crescia e mais a chuva aumentava, cadeiras voando, barracas quebrando, a estrutura da pista principal, onde todos que estavam em transe e mandando energia para os céus, desabava sobre o público, e a chuva sem dar trégua até o momento em que ela desabou de vez e o público explodiu em uníssono, a chuva e o transe se fizeram um ser novo e singular.

A luz que saiu da pedra branca iluminou Deus que tocava cítara com seus vários dedos e animou os ciganos que ali estavam para começar a dança que contagiava o público; coloridos, alegres, sorrisos fartos e olhos brilhantes assim são os ciganos que eu vi dançando juntos, segurando o mundo em suas mãos em um ato circense no momento de espiritualidade de todos, onde dez mãos seguravam o planeta sem o deixar cair sequer um segundo, até pessoas de fora entrando para ajudar a não deixar o mundo cair em perdição, acreditando que há esperança para tudo isto que está errado, e de fundo transcedental surgia a música, a luz, a divindande a tocar sua música, com os espiritos sagrados a dançar ao seu redor; cada acorde penetrava meus ouvidos fazendo-me pensar em tudo o que já passara ate ali é o porque de minha felicidade em poder ter tido uma visão de Deus, pois naquele dia, naqueles breves segundos de minha vida, eu tive uma visão divina e pude entrar em contato através da música com um Deus.

A incredulidade é um problema moderno, é possível mudar. O mundo pode ser diferente.

2 comentários:

Iana disse...

Engraçado conseguir entender cada palavra desse teu texto, ainda que a inspiração de ambos venham de diferentes pontos. Engraçado perceber que também viajei nesse mesmo céu azul celeste, no deslumbrar do diferente, no transe emocional da música, na luz e nos sons da cítara. É incrível perceber a visão de cada um sobre um mesmo foco. É incrível porque assim posso analisar o quão é absolutamente gigantesca a capacidade da mente humana de criar as próprias interpretações.

Muito bacana o texto. Como sempre, escrevendo bem, querido Low.

beijos

Bahrbara Andrade disse...

lindos textos, sábias palavras. não merecem ficar retidas numa página de internet, merecem muito mais!
o tio fernando tbm merece.
=D