quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Pernada

Corpos marchando sonolentos com
cérebros vazios e ainda melancólicos sob a bruma matinal de inverno
após uma semana de chuva.

A desolação dos passos do ganha pão em pensamentos
nostálgicos  sobre ser feliz.

Esquinas silenciosas perfumadas por tabaco cancerígeno e cafés apressados que
queimam a línguas e mancham ternos.

Anjos com cara de palhaços sobrevoam as almas perdidas da
grande avenida em busca de qualquer atenção.

Grupos de Hare Krishnas desacreditados acendem seus cigarros em busca do uno primordial.

Estudantes lascivos sentam-se
nas grandes escadas para flertar e matar aula.

Jovens de cabelos lisos e sorrisos brancos falam ao mesmo tempo
e sobre nada.

Correndo e fugindo apresso o passo desviando de gravatas e 'happy hours' mentirosos
com colegas da repartição que você aprende a tolerar e a mentir sem pensar.

Digito a senha como o prisioneiro que conhece
o código da própria jaula na cidade e após
quatro lances de escada para o mais próximo
do paraíso nos dias longos e cinzas e impessoais.

O imaculado sagrado apartamento com um altar de paz e refúgio
onde as energias são recarregadas a fé na humanidade é momentaneamente deixada de lado
para reconhecer o cheiro e as cores a fumaça e a poeira.

Enfim em casa.

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