segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Cartas

Lembro de um mundo onde o "eu te amo", só vinha após uma série de "eu te adoro". De quando as pessoas se escreviam cartas mensais, com dobraduras especiais, com letras de música para ilustrar cara parágrafo. Lembro eu mesmo de dizer vários eu te adoro, até ter tantos que viraram amor, e já se podia dizer enfim, com medo, com receio....eu te amo. E nas conversas do corredores no colegial corria o assunto, fulano disse que amava ciclana..sério? Ele disse, eu...te...amo?!

Hoje em dia eu não sei se o eu te amo é o mesmo de outrora. Vai, eu também como todo mundo já banalizei algo que nos meus 17 anos era muito sério. Quisera eu que o mundo mesmo estivesse se amando mais, verdadeiramente se declarando, age of love, mas só vim a perceber que aquele romantismo bobo que só nos fazia dizer EU TE AMO, quando fosse realmente isso que o coração gritava, findou.

Amando tanta gente, tantas pessoas, já me confundo sem saber quem eu amo, quem respeito, quem considero, quem é amigo, quem tem o meu amor e quem tem apenas meu carinho. Também não sei se existe diferença entre tudo isto que digo.

Mas caminhando na Nsa. Sra. de Copacabana quando chovia no Rio pensei: nunca mais escrevi carta para ninguém. Subitamente lembrei que todas as cartas que escrevi na vida foram para pessoas que eu realmente amei.

Não escrevi mais cartas, mas continuei amando pessoas. Fazendo dos amores, poemas.

Um comentário:

Paulinho Tamer disse...

Acho que deverias investir mais nas prosas, tens boas observações, mas sinto falta do fator comparação e metáfora pra dar lirismo às palavras.
Continues.