quarta-feira, 20 de março de 2013

Carta à (minha) Juventude

À Juventude.

Querida,
sinto-me cada vez mais preso em seus paradoxos, paradigmas, dúvidas, pensamentos. Ao mesmo que sinto meu peito exalar criatividade, vontade, energia, penso como, e nem sei ao certo, por que pensar tanto em tão tenra idade.

Viver tudo porque sou jovem e ainda possuo tanto tempo à viver; me esforçar como nunca pois sou jovem e a força e o siso ainda me fazem infante guerreiro.

Penso que as resposta não cabem ao jovem, ao coração prematuro, a pele sem ranhuras, ao corpo ainda sem cansaço. O coração pulsante quer saber porque bate, a pele limpa quer se sujar o máximo possível, todo dia se possível, o corpo que não cansa quer os limites, quer chegar ao incansável.

Não falo. Não envelheço. 

As dificuldades são inerentes aos verdadeiros espíritos juvenis. Como apreciar uma futura velhice, sem ter caminhado as tortuosas e metamórficas vias da dúvida de um ser jovem. Como um jovem, que aqui vos fala, sinto que algo ainda espetacular há de acontecer - a esperança ignóbil do prematuro? - ou a certeza de quem tudo vai dar certo - mesmo que não saibamos o que estamos fazendo.

Querida juventude, obrigado por agraciar meu corpo e minha mente com tantas dúvidas. Infelizmente há aqueles que nem sequer desfrutam tais dilemas, mas aqueles que os tentam resolver por envelhecer, não a idade pois isto seria impossível, mas a alma; àquelas que se cansam da dúvida e calam o peito envelhecendo-o, tornando-se rédeas de si mesmo.

Eu enfim agradeço, primeiro por viver uma juventude, segundo por me fazer não para de questionar. Viver, sem saber porque, mas saber que viver é a melhor resposta. Acumular, para na velhice, quando as dúvidas findarem, descansar um mar de sabedoria.

Não deixe nossos peitos se calarem na velhice.
Viva a alegria de amanhã ser ainda muito longe. 
Do entardecer ser o horizonte distante.

Não deixe que a vida faça por nós, e façamos nós, a nossa vida.
Obrigado,
um jovem.