sábado, 30 de abril de 2011

Ad Eternum

O seu perfume é o único ato falho da minha memória seletiva, faz você vir a tona quando já está decidido que eu não quero saber do tempo, não quero decidir o motivo, quero ficar preso no espaço paralelo, no limbo entre o prospectar e a vida real. Quero entender o hoje como o único momento, pois se já é tão complicado meramente existir, que dirá existir e pensar no por vir. Queria que os amores fossem iguais, vamos tentar apenas ser felizes, o que já não é tarefa besta; queria que as noites fossem oníricas, que os corpos fossem nuvens ao invés de chumbo, queria não pensar no cigarro para evitar o carinho, queria ter sono à ter a obrigação de dormir. 

Enquanto a valsa segue é olho no olho.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Completo Quase

Não há amor que o passado não cicatrize e o presente não cure. Ao futuro cabe ser forte. Ao amante cabe acreditar que você tem o que ele precisa, ao amado não saber o que. A tristeza tenta apaziguar-se, mas burro, o coração queima o pavio sempre tentando alcançar o presente que existe no mínimo instante em que é pensado e já é passado, como os tragos que pulsam nervosos e os copos que escorrem.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Trajeto

Acordei daquela sesta vespertina com o familiar sentimento que algo no meu peito entrava em desritmia. Os suores do entardecer corriam minha testa, lateralmente meu rosto chegando ao pescoço, a lombar já se mesclava ao lençol. Os olhos neste momento já perscrutavam o teto em busca de uma resposta que eles não seriam capaz de encontrar, mas o coração calado necessita de resposta. Um copo d'água, uma dose de lembranças doces e um passado, como posso dizer, meio amargo inacabado, ao menos em meu peito. Trocando de roupa lembro o quanto ela é o que eu sempre quis, o estilo, as cores, os risos e música em sua pele. Vou até a sala lembrar das conversas, das bobagens, daquilo que faziam os momentos eternos. Peguei o carro confundindo o caminho, errando os sinais, as músicas no rádio faziam minha atenção ir de encontro à Lua, a única certeza que eu tinha no meu coração; enquanto ela sorrisse no céu eu ainda sonharia astronauta, enquanto eu não chegasse ao Sol, eu seria seu, sempre Lua, a mais bela.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Fotografia

Você é o não que eu não saberia lidar.
Você foi a dona das minhas últimas borboletas,
Quando todo o resto eram esquinas e ar.

O jasmin já perdeu a sua essência.
Queria te ver sem ajuda de lunetas,
Pois o amor já está sem paciência.

Com você eu não brinco de amar,
Que sejamos um dia um só,
Ou se sequer ouso te olhar.

Que a dor te faça curar,
Que o peito desate o nó,
Que assim eu volte a amar.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Enclave

Você é a fotografia que não consigo rever. Ainda dói daquele mesmo amor. Sequer falar alto seu nome. Escondo as lembranças das memória. Faço de você uma estranha. Sinto medo do que receio não ter morrido.  Apaguei a lua do meu céu, tirei o verão do calendário, mas não consigo fazer a tristeza não me lembrar você. A tristeza só me lembra você, e triste ela existe aí e eu aqui.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Babador

Foi isso que eu planejara,
Que um dia íamos estar juntos,
Ficaríamos assim, quietos e mudos,
Com nada a ter que se esperar.

De repente triste, você ficou,
Deixou que então o amor,
Ficasse ali, quieto e mudo,
Perdido não mais no meu mundo.

Contudo as horas se passaram,
E tudo ainda ficou mais frio,
Os que se amaram, amargaram.

Ainda bem que isso foi tudo,
Até o mais belo elogio,
Ficou ali, quieto e mudo.

domingo, 10 de abril de 2011

Esplêndida

O que fazer com os pés se não andar?
Aos olhos cabe ver, ouvidos escutar.
Ao meu coração, se destina o amor,
O seu, o próximo, o impossível.

Se disser que não é você,
Parcialmente, minto,
E não sobre o que sinto,
Mas é o que não se vê.

Apesar da luz dos seus olhos,
Do calor das suas mãos,
Da atenção dos seus ouvidos.

Eu passo os amores aflitos,
Ainda tenho todos os perdões,
Sei que se doer vai passar.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A Dor e o Amor

Sei. Entendo que enquanto te feria, fazia da tua vida um inferno, eu dava cada vez mais um passo em direção à minha própria solidão, mas agora eu já não posso desfazer as dores, reconstruir as lágrimas e simplesmente corrigir tudo com um "eu te amo". Hoje entendo o porque de você não querer brigar e eu insistir, de todas as incontáveis situações em que você pedia por desculpas, mesmo sabendo que não tinha culpa e eu sabendo que não estava certo. A minha teimosia venceu mais uma vez, chegamos ao fim. E acho que pela primeira vez sem mentir eu te digo eu te amo, contudo, não quero curar nenhuma dor, consertar um erro meu, esconder alguma traição das tantas que cometi. Não fique brava, lembro que o prometido foi que nunca mais eu iria procurar-te, que agora eu deixaria você ser feliz e não agonizar sufocada sem poder ser você mesma, mas vou deixar bem claro que não estou vindo me redimir, pedir desculpas para apaziguar meu sofrimento hoje, porque seria descabido de minha parte pedir algo ao qual subjuguei você. Eu não te conheci, eu não me permiti te conhecer, saber do que você gostava, do que odiava, não lhe dei amor, atenção, carinho, até chego a duvidar que tenha lhe dado prazer devido ao egoísmo que me corrompia, mas agora entendo que fui um asno, você se foi, não mereço mais ter-te, e espero que nem voltemos um dia sequer a nos esbarrar nas ruas, porque eu teria vergonha da vida medíocre que eu mesmo me proporcionei. Sei que já se fazem quarenta anos desde a última briga e o fim, mas agora quando já sinto o sopro da vida um tanto tuberculoso, mais para uma brisa, decidi escrever-te, para dizer que na minha solidão, torci pela sua felicidade e de sua linda família todos os dias desde que nos separamos. Após estas décadas, esta carta é, desde minha tenra idade, a maior sinceridade que já falei. E espero que você seja cada vez mais feliz, porque eu vou partir, e não haverá reencontro após outras quarenta décadas.
C.S

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Fumaça

Tudo aquilo que sonhou,
Nunca teve, é fato,
Apesar do caminho ingrato,
Sabia que de verdade amou.

Apesar do que ela frisou,
Meus olhos a invadiam,
Minhas mãos se perdiam,
No reflexo que se deparou.

Arrancaria o pudor,
Da sua boca, do seu ventre,
Do seu grito no silêncio.

Mostraria o amor,
Percorreria suavemente,
As linhas do prazer intenso.

sábado, 2 de abril de 2011

Dúvida

Caminhar ereto, seguro,
Passos fortes e firmes,
A razão subjugando a emoção.

Todos os sentidos embriagados,
Seu perfume, seu toque, seu corpo,
As suas mãos no meu peito.

Seu beijo que me invade,
Toma conta do meu ser,
Faz acreditar na metade,
Que ainda quer viver.

Porque apesar de toda mente,
Toda razão,
Acertar sem querer ,
Nunca será como errar com a certeza do coração.