sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O Sorriso

O impossível é quando eles me cegam, fazem deles a origem dos meus, ao ressoar da luz intermitente, faz eco no meu peito, rasga córnea, retina, faz tão cristalino que me dói existir.

O problema é quando eu não consigo mais desviar, em linha reta, em rota sem saída, a colisão é um suspiro, profundo, suave, um grito alto no vácuo, existe, mas por ser tão forte, a dor é impossível de ser contida, pois ela não tem uma origem, ela apenas é. 

O Amor é a maior doença crônica. Nasceu comigo e vai morrer ao meu lado, nunca irei curar minha ânsia por amar, o controle são os amores vividos, as crises agudas me levam a frieza, como qualquer doença crônica, me faz aprender a viver a cada dia.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Ardor

Quando os hematomas já estavam amarelados,
A dor que ali se iniciou jazia no passado.
E assim como ela se foi, constato,
Você, não mais pertence a estes abraços.

Olhos negramente espelhados,
Os pés tropeçam nos calcanhares alheios,
As mãos envelvetadas, cegas tateiam,
O corpo que não mais reivindica posse.

Repulsivamente fecho a boca quando beijo,
Solto os dedos quando caminho.

Hoje não é mais como ontem.
Eu ainda tentei dizer...o amor, este sim já acabou.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

(A) Tormenta

Já fazem 6 dias desde a última vez que sofri por você, e agora de repente nesta tarde quente, eu sinto aquela velha e familiar pontada no peito e na parte frontal do crânio, não dói, mas fica longe de ser imperceptível, tira minha atenção do que fazia, e decido escrever-te mais uma vez, agora não por grito de liberdade, mas por necessitar botar pra fora toda essa agonia que mais uma vez me assola, sinto-me sozinho, como o palhaço que chora atrás da lona, por nunca conseguir ter a felicidade de verdade como os que sorriem para ele, mas no final das contas você também nunca receberá estas palavras, desta vez guardarei elas no vento, logo abaixo do esquecimento, junto com as palavras não ditas, as atitudes prometidas e nunca cumpridas, e caso um dia nós nos reencontrarmos, torcerei pelo furação de novos e familiares ventos.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tudo (de) Novo

Lembro-me que naquela noite em três momentos fui ao banheiro para ensaiar meu discurso de coração aberto, quando ali colocava mais uma vez a intuição, o sentir à frente da razão que nada mais é que a responsabilidade emocional, a consciência de que nem todas as viagens devem ser feitas; MAS QUE SE EXPLODAM OS IMPULSOS DA RAZÃO!, hoje quem há de viver e reinar é a emoção, logo me dirigijo ao momento crucial de entrar em cena, quando todas as palavras pareciam penas, e o medo da rejeição, medo único sobre aqueles que vivem o signo da paixão já se fora dos meus olhos, e sob minha língua se desfazia a pílula da coragem e do amor da perfeição, todavia como se nada fosse combinado, como se o destino não conspirasse pra lá, para ali e para cá, jogando areia nos seus olhos e logo no meu peito, ele surge, Morpheus te leva para o único lugar que eu não posso te acompanhar neste momento de puro êxtase que vivo agora, quando o reino dos sonhos hoje não me permitira entrar sem convite, as costas são as únicas coisas que posso deixar-te e a certeza que esta noite eu enfim poderia dizer...Você a única razão que ainda me faz ter vontade de sair de casa para ver o dia, a expectativa de te ver faz meu coração sedentário virar atleta, por mim eu parava hoje e fazia deste hoje o amanhã de depois e depois.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Tudo

O relógio ainda anda e tica,
Avisa a saudade quantas horas
Para que eu diga a dor: fica!
E que sejam apenas mais histórias.

Você tem que ser humano,
Errar aqui, ali, sujar o gabarito,
Também pensar como um carcamano,
Fazer do amor um momento aflito.

O pavio do tempo queima o presente,
Restando as cinzas varridas pelo passado,
E a suposta virgindade do futuro.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

De Dentro

Faz parte fazer arte.
Da tristeza um bom samba de amor.
Do grande vácuo,
O movimento sinfônico do silêncio.

A folha virgem,
Branca, alva e muda.
A caneta canalha,
Marca, fura e arranha.

Jaz a tela branca,
A cada golpe roxo do vermelho.
Com os beijos suavemente amarelos,
Jaz a tela branca preta de luto.

E na caixa de ressonância torácica,
O poeta molda o coração com argila.