sexta-feira, 26 de março de 2010

Belém

Já me perdi no comércio e seu alvoroço
Flutuando entre milhares na Frutuoso.
Onde tem Paris na América,
Mesmo quando chove manga.

Tem uma razão irracional,
Uma cidade velha pra oito cidades novas.
Minha Macondo tropical,
Das revoluções semestrais.

Do Theatro da Paz,
No largo da Pólvora.

A Avenida Nsa.Srª. de Nazaré,
De repente vira Sr. Magalhães Barata.

Verão o ano inteiro,
Com chuva e sem chuva.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Oliva

Estavam ali, na minha diagonal esquerda. Sentada ali na fila de espera da repartição, o tempo não passava.

No primeiro olhar eu me perdi, quando refleti sobre eles surgiram casas na praia, vidas conjugais, empregos, filhos, amores, vidas.

Tão leves, suaves e cheios de volúpia que só eles poderiam ter. E ainda mais quando tantos anos se passaram e somente agora os vi, o que fez com que o interesse e a ficção aumentassem.

Que belos pares de tornozelos! Como tão discretos, todavia tão fundamentais são os tornozelos, lindos, finos, bem feitos, de pele suave.

Em um cruzar de pernas, as pernas levam seus pensamentos para o lado sensual, fazem você entrar em um conto erótico, mas os tornozelos são pura bossa nova.

De forma faceira, te seduzem não querendo te ter, fazem você acreditar em sua inocência mesmo sendo eles os responsáveis por tal hipnose.

São íntimos, pequenos, complexos, de difícil compreensão, mas de fácil apreciação. Assim são os bons tornozelos.

Como quero uma casa na praia, empregos, vidas conjugais, filhos, amores e belos tornozelos!

sábado, 6 de março de 2010

Morena

Eu vi a morena sambar.
Não há nada mais belo quando ela samba.

A morena samba.
Quando ela fingi que vai,
Que vem.

Quando ela vai, eu nem vi,
Quando vi, ela já foi.

Eu vi a morena sambar.
Eu vi a morena balançar.

Ela entra e sai de ti.
Ela fingi amor, carinho,
Mas ela só quer sambar.

Roda, roda, balança.
Vem, vai, adeus!

A morena só quer sambar,
Ela só quer balançar.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Artesão

Feito de barro,
por dentro sou oco.
Fui posto de lado
ao esticar de um braço,
sem ao menos saber que você estava ali...


Chega de moleza
a Sra. já chegô!
Vamos até a freguesa, que ela tá com pressa,
pegue a parte que te falta.
Ai que tu te enganas:
com ou sem eu sou eu,
apenas vou demorar para entender o que fazer.


Deixe de frescura,
você sem ela não é nada,
tampa sem panela, vice versa
sem utilidade.
Pode me levar
eu garanto o sucesso.
Essa promessa que eu faço
é pra mim e para ela.