terça-feira, 29 de setembro de 2009

Vamos?

Não há necessidade de se preocupar se isto ou aquilo irá durar, se quando acabar como será. O que importa é saber se o que foi feito e vivido até o fim valeu a pena.

E quando não acaba? Quando você traí suas próprias palavras? Ninguém disse adeus; você prometeu não ir, porque o virar de costas e o caminhar solitário?

Melhor se conformar com uma tristeza imediata ou tentar ser feliz com inúmeras variáveis?

Porque ser intenso é um problema? A demonstração de sentimentos por si é uma prova de que ainda existem pessoas que amam de verdade. Amar demais não é problema. De menos talvez.

Não se brinca com adeus.

A vida é longa o suficiente para se apaixonar inúmeras vezes e ter vários amores. Mas nós só queremos um.

Como pode você ser step de um velho sentimento bandido?

A comodidade é muito boa quando o colchão king size é seu.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Esperança

Cansado como quem ressona uma noite inteira. Acordo e durmo tantas vezes, nesta seqüência, que já nem sei qual prefiro. Ainda ali sentando e nada do convidado chegar. Estou cansado, corpo dolorido, Queria fazer esta entrevista e ir embora. Naquela sala, a visão da poltrona vazia em minha frente cansava-me, o tapete sob meus pés já gasto de tanto esfrega-lo. Na mesinha redonda, meus dedos tamborilavam as horas vazias. O cinzeiro já cheio me dizia que era hora de ir embora. De um lado para o outro e vice versa. O som dos meus passos já me deixavam surdo. Vou embora.

Papéis, caneta, cigarro, gravador, pego todos meus pertences e vou embora. Ao passo que me faria cruzar a soleira da porta, eis que meu corpo se choca com outro. Menor, entretanto em muita velocidade, como se estivesse correndo. Eu nem vi o que aconteceu, agora que vejo uma mulher, já não era mais menina. Simples, sem muitos adereços, cabelo preso, rosto limpo, mas viva. Era o que queria ser. Exalava vida. Pedia-me desculpas enquanto olhava no fundo dos meus olhos, falava que estava ali para uma entrevista, mas tinha se atrasado, ainda não tinha conseguido achar o caminho. Agora estava pronta. Apresento-me sem tirar os olhos dos dela. Entramos novamente na sala, sento onde havia passados as últimas horas. O cinzeiro vazio. Um novo ciclo começa.

A entrevista flui. Ela fala e te seduz, tudo parece real com ela falando, planos e sonhos, ali, em minha frente. Não consigo tirar os olhos dos dela. Castanhos. Brilhantes. Sei porque são o espelho da alma. Límpidos, sinceros, acredito em suas palavras, chego a duvidar das minhas idéias e concepções.

O cinzeiro enche-se novamente. O fim da entrevista coincidi ou não. Agradeço, foi realmente uma entrevista prazerosa. Estendo a mão para agradecer-lhe a disponibilidade e a atenção que me deu. Ela não pega em minha mão. Vem e me abraça. A diferença de altura não era tanta. Estaturas medianas. Eu no começo fico sem reação, mas aos poucos, como alguém verificando se a tomada não dá choque, vou devolvendo o abraço. É impossível mentir um abraço. Um beijo, um carinho qualquer, mas ninguém engana o outro com um abraço. Este era real. Ela, agora de ponta de pés, puxa minha cabeça para o lado, para falar algo no meu ouvido. Abaixo e viro para escutar melhor:

- Não deixe de acreditar. Não perca nunca. O plano vai dar certo.

Se despede com um beijo no rosto. Sorri, olha para mim e caminha em direção a porta. Fico em pé. Olhando o seco fechar da sala.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Agora Amor

Atordoado como se tivesse acordado a pouco. Olhos ainda desfocados. Boca seca.  Braço dormente. Esfrego as costas da mão nos olhos, começo a entender que ainda  estou no mesmo lugar. A poltrona ali vazia. Ainda espero. Olho a sala oval,  olho o tapete no centro e apenas estas duas cadeiras, e uma mesa de apoio. Nesta nada mais que uma caixa de lenços de papel. Daqueles dificeis de puxar.  Que você puxa um, vem vários e acaba por estragar demais.

Estou tranquilo. Esperando o entrevistado. Não o conheço. Mulher. Homem. Não faço a mínima idéia. Aguardo fumando alguns cigarros. Pernas cruzadas, cinzas no chão, algumas no sapato. Não ligo. Quero entrevistar e ir embora. O dia está cheio.

Eu estou parado, com os pensamentos longes. Escuto uma voz. Aquela voz. Aquela risada. Não creio. Não pode ser. Porque? Não. Não.

Subitamente meu peito esfria, aquela agônia, uma sensação que quer sair do seu peito, mas não vai a lugar algum. Está presa. Esta dentro de você, quase que implodindo você. Ela entra. É ela mesmo. Ela.

Quando ela senta à minha frente me cumprimenta, eu faço tudo como se estivesse bem. Mas não estou. Não esperava ela ali. Porque ela? Como vou fazer isso? Não sei.

Peço alguns minutos pois quero ir ao banheiro. Levanto-me. Jogo o cigarro no chão e caminho até a porta com passos firmes, mas tensos. Ao quase sair do recinto escuto uma voz inocente e pura me chamar e perguntar:

- Não vais precisar desta caixa de lenços?!

E a primeira cai neste instante.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Fantasmas

Não permito-me não tentar ser feliz por medo. Espero nunca perder para meus fanstasmas. Perder a fé na minha felicidade por medo de machucar-me. Prefiro viver a breves momentos de dor, ter tentando ser feliz, à viver em uma eterna dúvida de como poderia ter sido eu alegre. Caminhar no escuro corredor da felicidade, esbarrando em paredes de espinho, me fazem talvez mais alegre, quando me vejo fazendo curativos, do que olhar pela escotilha da solidão triste e segura. Espero nunca perder para meus fantasmas. Espero nunca perder a coragem de tentar ser feliz.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Felisciano

Atordoado como se tivesse acordado a pouco. Olhos ainda desfocados. Boca seca. Braço dormente. Esfrego as costas da mão nos olhos, começo a entender que ainda estou no mesmo lugar. A poltrona ali vazia. Ainda espero, olho a sala oval, olho o tapete no centro e apenas estas duas cadeiras, e uma mesa de apoio. Nesta, a única coisa que existe sobre, é uma garrafa de bebida maltada. Dois copos. Um pequeno balde de gelo.

Escuto risadas do lado de fora. Cada vez mais altas. Passos. Ele se aproxima. Entra. Alto, um homem de meia idade, bonito, muito elegante. Paletó negro, blusa branca, gravata vermelha. Muito alinhado como um manequim. Roupa esticada como uma perfeição duvidosa. Cabelos bem cortados, penteados minuciosamente para o lado direito. Alguns fios grisalho acima da orelha  dão o charme e o ar de interessante. Homem que sabe o que diz.

Ao chegar perto, não gargalha mais. Fecha o rosto. Se aproxima sem cumprimentar. Senta-se, serve uma dose para ele e para mim. Não pergunta, ao menos, se aceito. Apenas me entrega o copo. Levanto o copo à altura do meu rosto, em sinal de quem brinda.

Ele não faz nada. Vira a dose inteira de um gole e fica a me olhar, esperando as perguntas. Mas eu travo. Perco os papéis. Mãos trêmulas. Frio na barriga. Borboletas no estômago? Talvez não. Nervosismo. Estou com medo.

Não é medo dele. Do que ele possa me fazer. Mas eu nunca o tinha visto tão de perto. Era algo impensável. Surreal, e na verdade ele está aqui. Frente a mim. Real, vivo. Possível.

Não consigo o encarar. Não consigo falar.

Ele percebe. Olha o relógio. Levante-se. Não consigo me mover. Cabeça olhando um ponto  invisível no chão. Consigo notar que ele se vai. Em direção a porta ele caminha. Com a mesma classe que entrou, ele sai. Ao parar na porta de costas para mim, apenas diz:

- É necessário precisão cirúrgica para lidar com a felicidade.

Bate a porta. Não me olha. Fico sentado. Absrorto em meus pensamentos. Eu nem fiz a pergunta, mas tenho a resposta.

sábado, 19 de setembro de 2009

Melancolia

Ela entra na sala com aquela cara de quem dormiu não o suficiente. Vem vestida com um belo vestido até os joelhos, floral, mas não escandaloso. Um leve sorriso no rosto ao ver e reconhecer-me. O único objeto que trazia consigo era uma carteira de cigarro e um isqueiro na mão direita. Seus lindos cabelos pretos, lisos e compridos, estavam presos em um rabo de cavalo. Senta-se à minha frente, na cadeira reservada para  este momento, cruza suas pernas, daquele jeito sensual e atraente, entretanto não vulgar.  Olhando em meus olhos, ela me cumprimenta com um leve piscar de olhos. Oferece-me um cigarro.  Aceito. E é quando sua rede me captura. No momento em que a deixo entrar em minha vida, pois como um câncer não é necessário nada muito grande, a rapidez que se espalha é assustadora. Pego o cigarro e deixo ela acender para mim, não é preciso se esforçar muito, as cadeiras em que estamos sentados estão próximas o suficiente.

Começamos a conversar. A cada palavra sua, o doce perfume do seu hálito enebria minha mente, entorpece meu corpo, adormece minhas pálpebras, penso que não vou aguentar até o final  desta entrevista. As perguntas já saem turvas; as repostas controversas nem são dadas contas.

Vou derramando sobre a cadeira, com a estranha sensação que já estou caindo; ela  ainda falando, respondendo, divagando em seus devaneios deixando-me usufruir de uma falsa invisibilidade. Será que percebe, ou dissimula o objetivo alcançado. Quando vejo pingos em meu sapato lustrado, percebo então que já choro. Não notei  as lágrimas brotarem, tão pouco caírem. Ela acende outro cigarro. Desta vez não me oferece, acho que viu que eu não tinha fumado quase nada do primeiro, cinzas ao chão, cigarro apagado na mão. Não sei quantas perguntas já fiz. Não sei o que ela respondeu.

Seu semblante não muda. Palavras voando, sorriso no rosto. E eu me afundando na cadeira, me reprimindo a cada instante, com vontade de recolher as pernas juntos a meu peito. Abraçar os joelhos, cabeça entre braços, lágrimas no colo.

- Foi necessário passar por tudo isso para chegar até aqui. Faça valer.

As únicas palavras que escuto e ao abrir os olhos encontro-me sentado, sozinho. Na mesma sala, mesma poltrona, mesma posição. Nem resquício dela, apenas o aroma de seu hálito doce no ar.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ela É Brasil

Das maravilhas do mundo, dentre todas, a mulher é com certeza a grande obra prima. Creio que do homem, a única necessidade de existir foi a suposta costela para o nascer feminino. Nada sofreu e suportou mais dor que o ventre, da coragem feminina e beleza eterna.

Apenas a mulher sabe o que é amar de verdade, a necessidade da paixão, do apaixonar-se a cada dia de novo. O homem que traí por profissão, tem como falha de criação o não entender do amor cotidiano. Enquanto não acreditamos mais, elas vivem da esperança de um amor infinito. Quisera eu entender como belas elas são.

Existem mulheres belas, lindas, charmosas; as que encantam, umas te enchem de tesão, outras te deixam cegos, outras te dominam. Algumas você quer, outras você deseja, poucas você tem, muitas tem você. Existem aquelas palpáveis, as impossíveis, uma fração são palpáveis, mas por uma alma maravilhada, ficam entre palpáveis e impossíveis, devido a emoção de estar perto.

Assim eu conheço algumas. Não tenho a coragem de sair do meu observatório para algo mais, a simples visão do belo feminino me encanta; enubriado por algo que não é beleza, não é gentileza, simpatia ou qualquer outro adjetivo. Fica a beleza do se fazer mulher, das lágrimas, da beleza que somente lhes pertence, da humanidade e endeusamento natural à elas. Se fosse pra ocupar um lugar em um trono, seria ao lado direito, pois o centro seria delas.

Porque o magoar de tantos sentimento belos. Tantas lágrimas já derramadas, por uma vitória justa. E assim o pensamento chauvinista e porco de alguns membros masculinos ainda tentam se fazer de líderes de uma sociedade dominada e liderada por elas. O machismo tão feio e ilegal quanto o racismo, do mesmo princípio e ignorância.

E assim eu continuo entendo que quem manda são elas, não por serem ditadoras, mas por simples fato de serem mais fortes que nós, pois quem derrama mais lágrimas não é mais fraco, e sim tem mais sentimentos e vive com mais emoção. E assim passo meus dias admirando a beleza delas, como desta que me fez escrever, e ainda mais fará para minha mente. Ela faz parte da beleza maravilhada, que me hipnotiza, que não machuca, faz bem a distância e assim ficará.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Para Jorge

O estado do quase. É engraçado como nos dias de hoje, como as coisas vão indo, tentar fazer algo já é fazer alguma coisa. A simples noção de se mobilizar talvez já signifique algo realmente verdadeiro, não fosse o simples estado do quase, o estado que rege a vida de mais cidadãos modernos que qualquer outra coisa, apesar de acreditarem que a modernidade facilitou as relações interpessoais.

Entretanto filho, o que acontece, é que o mundo e as pessoas já se magoaram demais nos anos que se sabem, e devido a isso uma desconfiança, um medo, um freio, uma amarra segura nós, pessoas, a tentarem ser feliz, o que para tal é  necessário siso, momento sem medo. Tentar ser feliz é uma grande prova de hombridade, vontade, encarar a dura realidade do medo alheio.

Tudo difícil. Complicado. Inexplicado. E neste momento as pessoas quase nascem. São caracterizadas por gente comum, que já viveu bastante, que um dia já magoou e foi magoado, mas acredita que a vida pode melhorar, que é possível acreditar nas pessoas, que o amor é algo palpável e real. O grande problema é competir com uma descrença amorosa, que se faz regra nos dias de hoje.

Quase feliz. Quase amando. Quase se dá bem. Quase sai do estado de fossa. Quase namorando. Um total apaixonado que quase pode amar. O diferencial que percebemos nas pessoas marcadas à ferro pelo quase, é apenas um. Todos, inclusive eu, já saímos de vidas ruins, onde a maldade era a arma dos envolvidos, onde já fizemos besteiras, onde já erramos, e tudo o que acreditamos e queremos é alcançar a felicidade.

E quase conseguimos. E quase felizes vivemos. Enquanto o quase não se torna verdade, eu tento, você tenta meu amigo, e assim vamos viver. Perseguindo o plano, na sombra da felicidade. Vamos ser felizes e um dia vamos caminhar nas madrugadas rindo de como fomos quase, e hoje somos completos. O plano vai dar certo.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Cerejeiras

Eu já estou indo. Vou partir, não porque eu cansei de tudo, não porque eu não quero mais, entretanto não aguento mais o reflexo da midríase mostrando as noites sem respostas.

Estou indo. Não ache que vou feliz, não ache que desisti, mas o que posso fazer? Não tenho mais forças para viver nesta ponte que divide o céu e o inferno. Não tenho talento para purgatório, não tenho vocação para banco de espera.

O que doí não é o fato de ir, me machuca o ir sem querer ir, o adeus de dentes cerrados, o aceno de mão fechada, a lágrima que não quer cair. Ficar eu quero, mas ficar para perder o que eu construí seria besteira, ficar pra jogar fora o apelo, o zelo; insistir agora seria jogar fora.

Te mostrar o certo, o errado. A inexperiência machuca o experiente, que não pode errar por você, e tão pouco fazer a escolha certa. Querer dizer o caminho do paraíso, mas você precisa errar para aprender, e isto mais de uma vez.

Minha filha.

Não posso mais assistir isto consentindo a dor. Na rede que me deito só penso em ti, onde estará, fazendo o que?

Mas eu preciso partir, não porque quero, mas porque não aguento mais viver no limbo. Mas eu não vou de verdade, porque quem ama nunca vai. Vou, mas fico, te olho, te guardo e pai que sou, nunca te deixarei quando de joelho caires. Minhas duas mãos terá sempre para te erguer, mas desta vez precisas errar sozinha, e eu não vou assistir.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Xadrez

O Bispo: Joelhos perdidos caidos nos braços de casos de velhos telhados bravas machas belas claras as lágrimas escassas nas palavras são massas dias alegrias antigas Marias filhas sadias mentiras das crias jogo fogo no molho do povo.

Tabuleiro só duas diagonais: Direita esquerda beleza tristeza frieza na mesa princesa embora fora agora é hora demora tchau cal sal lual leal tarde sem alarde passos calados banhados vinho moinho carinho sozinho tinto lindo querido.

O que fazer: Escolher torcer arrepender correr morrer amor dor calor furor torpor chorar gritar virar melhorar porque querer você rir fingir não ir sair adeus meus teus.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Gasoso

Um decadente pedaço de nuvem. Uma nuvem caindo aos poucos, beijando o solo, com a calma de quem não sente nada.

Um pequeno pedaço de nuvem, se soltando da mãe, largando as mãos que lhe protegiam, porém não mais o farão.

Um pequeno algodão branco caindo em uma eterna trajetória onde os pingos de chuva são seus guias, e só assim ele sabe o que vai acontecer.

Um pedaço de nuvem que cai. Um pedaço de vida desperdiçado fazendo sombra para quem não precisa ou não merece. Um estufar de peito em vão. Um acumulo de chuva para um sertão que quer continuar seco.

Um pedaço de nuvem que esta cheio de tormentas; raios e trovões para soltar, mas porque? para quem? Se ele cai é porque não tem mais forças para se segurar no tecido azul.

Uma nuvem. Uma dança. Uma chuva. As folhas caindo no outono. As nuvens limpas do verão.

Um pedaço de nuvem caindo em direção a terra. Um sentimento gasoso, difícil de agarrar.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Soneto Do Cavaleiro

Os velhos joelhos tocam o chão.
Não dão mais forças para lutar
Fazem da espada herdada
Um peso para o velho ancião.

O brandir dos metais
Dá ínicio ao combate já marcado
A verdade da derrota premeditada
Faz um lado alienado.

As lágrimas que correm peito
Minhas mãos, rosto e espírito
Encontram no orgulho seu leito.

Talvez eu soubesse
Apesar de tudo predito
Que eu lutei em vão.