terça-feira, 30 de setembro de 2008

Abstenção de Letras

Hoje li uma crônica, chamada 'Abstenção de Cinema', publicada originalmente no jornal A Manhã, em 1943, por nada menos que meu mentor, mestre e maior ídoldo Vincius de Moraes. E nela me inspiro para aqui escrever este derradeiro texto de Setembro.

Eu deveria escrever mais, reparar mais na vida ao meu redor para assim ter inspiração para aqui escrever como desejo. É certo que o meu trabalho oficial, como telefonista em um renomado hotel, suga meu tempo por demais. E meu trabalho de paixão fica oprimido nas horas em que não estou no trabalho e tão pouco na faculdade.

A parte isso deveria sair menos com meu primos, que sempre me chamam para um balão na cidade, fazendo assim eu perder as poucas horas que tenho para me dedicar a este blog. Não tenho é coragem, na verdade, de recusar um chamado de amigos para uma boa conversa fiada e uma boa volta na cidade. Pior ainda quando me chamam para um bom chopp, que ainda acabo por também perder a aula.

Entretanto o pior disto tudo é que poderia ao menos usar estas voltas e este tempo ao redor da cidade para absorver alguma coisa em benefício de minha escrita, o que acontece na verdade é que até tenho idéias e pensamentos válidos, todavia sempre os esqueço na volta para casa. O que me gera enorme desconforto ao sentar na página de postagens deste blog.

Por isso aqui prometo para o sr. Luiz Moraes, que a partir de agora tenho de tirar coisas proveitosas, para minha vida literária, destas viagens e voltas ao redor da cidade, pois se elas me fazem tão bem e me completam, elas precisam entrar neste meu livro de experiências e pensamentos que manteno aqui a vários meses.


segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Salut La Vita

Vou vivendo como posso. A cada dia me preparo mais para a minha morte. Afinal a vida é isso, uma eterna preparação para o fim. Nossa predestinação.

O importante é viver todas as nossas experiências. Mas é importante não ceder aos exageros, pois afinal a vida só é uma. Tem de ser bem vivida e não buscar a morte mais rápida.

Odeio aniversários por isso. Felicidades e tudo mais, entretanto o que sinto é que estão celebrando um ano a menos da minha vida. Bebendo à sobrevivência.

Não vivo sob a regência de revoluções Solares, então eu preciso medir estrago e cuidado, até o limiar tênue que os separa. Aproveitar e sobreviver.

Amar e ser amado. Vivendo, errando e não aprendendo. Os anos passam, a experiência chega, os erros permanecem. Mas estes erros fazem parte da sua formação de caráter.

Todos somos iguais, a falta de caráter, fidelidade, lealdade, honestidade é que dirá quem somos. A parte isso, seres humanos frágeis.



sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Preciso

A primeira impressão é a que fica. Ou no mínimo é a que mais impressiona. Entretanto, as referências posteriores podem mudarcom esta   de tal forma a primeira impressão, a ponto de uma paixão em potencial ir por água'baixo.

Explicando de forma simples: você está, como se dizia, enamorado. Sente que está prestes a inicar um belo relacionamento com esta pessoa. Sabe de suas aventuras, seus atos falhos, malicosos, seu jogo de sortilégios para com antigos pretendentes, mas isto não o preocupa pois você acredita no Amor e acredita em vocês como um casal. Tudo isto muda quando, contente, decide relatar para um amigo suas intenções e este, friamente, acaba, em termos, com seus sonhos, afirmando que ela não é uma boa companhia que pode vir a te magoar.

Você já sabia disto, sabia que alguém que traí ou machuca, tende a fazer isto de novo. Ou não. É uma questão de confiança. Porém o fato de mais alguém saber disto, o fato de ser assunto público faz a sua preocupação aumentar, seu medo aflorar. E o que fazer? Pois é irmãozinho, acreditar mais uma vez no amor que pode ou não te machucar, ou, deixar escapar seu amor de verdade, ao menos seu suposto amor.

Jogo de possibilidades e fatos não concretos, escolhendo a peça a ser movimentada cinco rodadas adiante. O verdadeiro xadrez do amor, pois alguma peça movimentada de maneiro errônea pode causar dor demais para alguém. Na dúvida acredite no seu coração, se quebrar a cara, faz parte, você ao menos viveu. Afinal de contas, o poeta já dizia, "[...]viver não é preciso."

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Poeta Poetinha

"O poeta é mentiroso. Mente até o que sente". De fato, em alguns momentos, textos e palavras isto é uma grande verdade. O poeta em certos devaneios disserta sobre sentimentos do coletivo, do coração popular, das dores que todos nós choramos e ainda hão de ser choradas.

Mas o poeta também chora as dores que ele chorou, que ainda vai chorar, pois este, sabe dos amores. Lembro-me que li am algum lugar, que os excessos de minha precoce vida não me permite lembrar, que os poetas são perigosos, são os últimos pretendentes que os pais querem para suas filhas. São inteligentes, sabem falar, conquistam a tudo e a todos, não possuem dinheiro e são de vários amores. São perigosos.

Os poetas são vivazes, sofrem demais, amam demais. São sim de vários amores, mas não por cafajestice ou falta de caráter. São assim pois amam em demasia, precisam de amores, no plural mesmo, para sua inspiração. A musa que deita seu véu da criatividade sobres eles nunca é uma só, é preciso de várias. Sobre mentir tenho de discordar, apenas falam de sentimentos que talvez ainda não tenham passado por seu coração, mas ainda vão passar.

Poetas com vários pseudônimos, não são mentirosos ou loucos, são poetas visionários, com uma explosão de sentimentos em seu peito. Necessidade de expandir cada ponto e vírgula que ali habita. Entretanto, o sentimento pode ser confuso, mas tudo o que sente é real, e quando este mata seus outros, é porque suas idéias estão cada vez mais concisas e estas divergências não mais tendem a existir.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Ai!

Ai de ti se fores quem és!
Ai de ti se fores me levar,
Para onde nunca botei os pés.
Ai de mim se for eu amar!

Ai de nós se virarmos
Amores, eternos como a vida.
Ai de meus olhos vidrados!
Se perdendo nos seus querida.

Finalmente estou a vê-la.
A mais formosa e bela estrela.
Ai de mim se puder ter-te!

Ai de mim se der certo!
Ai de nós fugir do incerto!
Para nunca, jamais esquecer-te.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Seqüência 1.1

Mesmo em sua busca incansável, existem horas que é necessário repousar ao menos a mente. Mais de cinco horas em busca de algo, no momento intangível, ele decidiu por fim sentar e relaxar, ler a sua revista, fumar seu cigarro, levar seus pensamentos para outro lugar que não aquela esquina e aquela bendita amada.

Perdido em devaneios, em sua maioria, ligados a revista que lia em concentração budista, mal reparava que o mundo lá fora não parou, as pessoas caminhavam, falavam, crianças choravam, carros buzinavm e poluíam. E dentro desde pandemônio, como que oposta pelo vértice da busca, pairava ao seu lado uma moça, em busca de algo dentro de sua mochila. Como o coelho da Alice, tinha muita pressa em achar aquilo que não sabia onde está. Ao que parecia, deveria ser um isqueiro, pois mantinha um cigarro em riste na sua boca. Mexia, remexia, fazia barulho, tirava coisas da bolsa, e quando ele percebeu ela já estava sentada no seu banco, colocando várias coisas no assento e continuando com o barulho.

Não agüentava mais, não conseguia mais ler, tão pouco fumar seu cigarro com tanta agitação ao seu lado, no seu banco, o banco de sua busca. De supetão pegou o seu próprio isqueiro, nem olhou, sequer, nos olhos da moça. Estendeu seu braço com o isqueiro aceso em direção a moça, que se assustou, pois ironicamente não tinha percebido a prensença do rapaz naquele banco. Acendeu seu cigarro, agradeceu-lhe e foi embora, caminhando com a mesma pressa que tinha aterrizado.

Ele sentiu-se aliviado em finalmente ter dado fim ao barulho que tanto o incomodou. Apenas de soslaio viu a moça caminhando, já distante, com seus belos cabelos voando lentamente, com seu caminhar altivo e apressado, fazendo o tempo parar. 'Será?', ele se perguntou. 'Não pode ser!', ele brigou consigo mesmo. Nem sequer olhou seu rosto. Levantou-se com a mesma pressa peculiar à moça e saiu andando rápido em sua direção, já estava muito longe, e todas aquelas pessoas na rua o atrapalhavam. Quase morre ao atravessar uma rua sem olhar o semáforo, e nesta hora com o motorista o xingando foi quando a perdeu. 'E agora?', ele pensou. Precisava voltar e pensar com calma onde encontrá-la novamente, e esquecer que ela esteve ao seu lado e ele nem a olhou para ter certeza, ficou com tanta raiva de si mesmo, nunca deveria ter parado para descançar.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O Nó

Seres egoístas nós somos. Não queremos e nem podemos encarar o fato que certas coisas tem que ser deixadas para trás para seguirmos em frente, entretanto o egoísmo tanto cultural como pessoal não nos permite fazê-lo.

Escolhas que podem ser fáceis, simples resoluções que acabam por magoar alvos e atiradores por simples egoísmo de não querer abrir mão de nada. Quem nada tem não sabe o que é perder, aquele que tem demais não querem perder nada, mesmo que nem tão importante seja.

Não percebemos que perdemos grandes chances de sermos felizes. Não realizamos que o egoísmo não libera as outras pessoas para a felicidade. Prendemos sentimentos que querem voar, mas sem saber o que fazer com estes.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Lhufas

A criação de expectativa em cima de algo, na maioria das vezes, causa muitas decepções. Confesso que não sou de esperar nada de ninguém ou de algo, acho que cada um tem que fazer as coisas pela simples vontade de fazer e não por esperar qualquer coisa que seja, entretanto, tem ocasiões onde você nem deseja nada, mas no final, você se supreende pois aquilo que não parecia ter futuro, acaba sendo melhor do que tudo que imaginaste.

Amigos que hão de dar um tempo fora da nossa família de amigos, amigos novos que te surpreendem de tão especiais. Tudo continua no mesmo ritmo, com alguns novos e outros nem tanto.

A cada dia perecebe-se quem são as pessoas que mais podem conviver com você, que podem te aceitar e gostar das mesmas coisas. A cada dia mais pessoas saem do seu ciclo para novas, que são tão parecidas, entrarem. Fato que mudamos ao decorrer da vida, contudo, procuramos sempre pessoas que possam se adequar a você e vice versa, pois dentre todas algumas ficarão para sempre, não importa a fase que estejas vivendo.

Algumas não te aceitam e nem te respeitam, ao ponto da difamação e calúnias virem à tona. E você tem que, nestas horas, se apegar àqueles que realmente são teus amigos e se importam contigo e sempre estarão com você quando a oposição vier tentar de destruir.

Aos caralhos todos aqueles que se importam demais com a vida alheia. À puta mãe de todos, aqueles que não sabem viver sem falar mal dos outros. Ao inferno os que querem ser que nem você e por falta de coragem preferem recorrer a hipocrisia. E os louros da vitória para aqueles que estão com você, não importando que aconteça.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Seqüência 01

Criado por Carol, a quem devo muitas idéias e grande contribuição na busca do amor irreal da perfeição que este conto (s) busca. Obrigado por todas as idéias, discussões e o prazer de escrever esta história com você, mesmo na sobriedade dos dias de semana.


"Eu vou me atrasar de novo". Pensou ela enquanto esperava o sinal abrir, a perna inquieta indicava a ansiedade pra que aquele sinal abrisse logo. O sinal abriu, ela andou, com seu passo sempre apertado, rápido: "Preciso de um cigarro". Ela então, colocou a mochila pra frente, esta ficando pendurada a ela por uma única alça. Ainda andando rápido, a mão foi certeira na bolsa da frente de onde ela tira o cigarro, com agilidade, o que demonstrava que aquele era um movimento constante na rotina dela.

Cigarro na boca, a mão voltou pra dentro da mochila, mas não saiu com a mesma rapidez da primeira ação, ela ficara mais impaciente, aquilo a forçou a diminuir o passo e olhar para a mochila, mesmo assim não obteve sucesso. Então parou na esquina, e colocou a mochila sobre um banco, para procurar melhor. A pressa era tanta, que ela não se atentou para o rapaz sentado na outra ponta do banco, e com razão, ele estava lá imóvel, e de tão imóvel e silencioso ele parecia fazer parte da paisagem.

Em movimento brusco, ele tirou um isqueiro do bolso, e o acendeu, mantendo o braço esticado em direção a moça, sem tirar os olhos do livro, numa atitude que deu a ela a impressão de que ele estava incomodado com ela e com os eventuais barulhos que ela produzira. Ela se espantou, mas rapidamente inclinou o corpo em direção ao fogo. Acendeu o cigarro, e ficou olhando para aquele homem, enquanto recolocava a mochila nas costas. Com as mãos livres, ela tirou o cigarro da boca, e soltou um seco e desconfiado: “Valeu!”. E seguiu apressada, perdera tempo demais.

Ela já estava distante do banco, quando ele pareceu finalmente ter se apercebido dela, não só da presença física, mas do que ela poderia significar. Ele dificilmente tinha companhia naquele banco, naquela esquina, a sua esquina, e ela não só surgiu como realmente falou com ele. E em meio a esses devaneios, ele fechou o livro com força, colocou embaixo do braço, e saiu andando procurando a tal moça. Será que ela ainda estava por ali? Não, ela tinha pressa... foi então que ele reconheceu a mochila e o andar rápido dela, mas já estava longe, ele precisava se apressar.

Com o cigarro na boca, ele correu para tentar pegar o sinal verde da faixa de pedestres. Fixou os olhos nela, e não viu quando o sinal fechou, ele acabara de tragar o seu cigarro, e o tinha na mão, quando um carro veio em sua direção, o barulho da leve freada o assustou: “Tá maluco!” – Disse o motorista irritado! Ele nem lhe deu atenção, virou rapidamente a cabeça pra tentar ver a moça, tarde demais, ele a tinha perdido.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

E(s)quinócio

Sempre sentado naquele mesmo banco daquela mesma avenida, parecia que nunca tinha nada a fazer, de modo simples e quase invisível aos transeuntes desta. De vestimenta ordinária, sempre com um livro ou revista à tira colo e um olhar em busca de algo que em todos estes anos nunca sequer cogitou achar: o amor irreal da perfeição. O amor por toda a vida. Mas como saber se este amor irá passar ali, naquela esquina, havendo tantas outras esquinas no mundo e tantas outras pessoas no mundo? Mas porque não passaria, o seu amor, naquela esquina, a sua esquina? Enquanto espera passar lê e fuma seu cigarro, com a calma de quem tem certeza que ele vai aparecer.

Do outro lado de tudo isto ela caminha altiva, leve e perfeitamente como um Sol que põe no horizonte. Tão independente não olha para os lados, não por se achar algo demais nem por querer mostrar superioridade, e sim, porque não precisa de nada, não está em busca de nada. Está em plenitude, se é que isto existe. Entretanto, não estar em busca de nada, não significa que se algo com qualidade for acrescentado ela irá recusar, afinal, a felicidade nunca será demais. Ela no momento procura um lugar para tomar um café e fumar um cigarro, mas não vê nada ao redor, decide então sentar naquela banco ali da esquina para ao menos fumar seu cigarro e descansar.